Depois, o Sr. Deputado Veiga de Oliveira disse que a moção de confiança foi rejeitada porque o PS não deu garantias para que assim não fosse. Afinal de contas, tratava-se, ao que parece, de se ter esperado um negócio ou uma proposta de negócio da nossa parte e então o PCP, que tanto censura os negócios que temos feito em matéria de revisão constitucional, vem aqui implicitamente confessar que só recusou a confiança ao I Governo Constitucional porque nós a não comprámos. Mas para a comprarmos não tínhamos apresentado a moção de confiança, porque nada nos impelia a isso. Quisemos ver reforçada, para podermos ter condições de governar, a confiança do I Governo Constítucional. Em momento nenhum quisemos comprá-la e repudio, vivamente, como ofensiva do meu camarada Mário Soares, a insinuação de que ele apresentou a moção de confiança na procura da queda do Governo para preparar condições para aquilo que se seguiu depois.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para contraprotestar, tem a palavra o Sr. Deputado Veiga de Oliveira.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero ressalvar qualquer espécie de injunção pessoal que haja ao Sr. Dr. Mário Soares. Ele não está aqui; se estivesse nós poderíamos discutir noutra base. Portanto, vamos retirar qualquer espécie de injunção pessoal que aqui haja.

Mas vamos falar de política, Sr. Deputado Almeida Santos. Assim, convém dizer que é óbvio que não recusamos acordos nem somos por princípio contra quaisquer "negócios", foi a palavra utilizada pelo Sr. Deputado -eu não chamo "negócios", mas sim acordos políticos para defender a democracia e os interesses do povo e dos trabalhadores portugueses.

O Sr. Almeida Santos (PS): - Ah! Ah!

O Orador: - Não somos, de forma nenhuma, contra isso e têmo-lo demonstrado bastantes vezes, Sr. Deputado. Temos feito acordos que, tal como o meu camarada Álvaro Cunhal disse em certa altura, são acordos feitos com o demónio. Mas mesmo assim fazemo-los em nome da defesa dos interesses que julgamos serem necessários defender.

Portanto, está fora de causa a questão dos desacordos e houve um certo momento...

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Deputado, dá-me licença que o interrompa?

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, dá-me licença que use da palavra, pois o Sr. Deputado Veiga de Oliveira tinha-me permitido interrompê-lo no final da sua intervenção. No entanto, penso que isto não será uma interrupção, mas sim, um aditamento.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Almeida Santos (PS): -. Sr. Deputado, registo que os acordos com o PCP, quando existam ou possam existir, são acordos, e os acordos com a AD, quando existam ou possam existir, são negócios.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Podem não ser, Sr. Deputado!

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luis Beiroco.

O Sr. Luis Beiroco (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Neste momento, depois de ter assistido a este interessante diálogo - que talvez não tendo muito a ver com a revisão constitucional tem, certamente, muito a ver com a nossa história política recente-, já sinto uns certos complexos de ir interrompê-lo, porque isto ainda prometia!...

O Sr. Vital Moreira(PCP): - Já dessa vez foram uns beneficiários!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Deputado Luís Beiroco, só lamento é que os senhores falem tão pouco, porque não é só no decorrer deste diálogo que não falaram. Os Srs. Deputados, praticamente, ainda não gastaram tempo; os senhores trouxeram o carimbo de cada para votar e nem sequer se limitam a justificar as posições que assumem. Isso é que o Sr. Deputado deveria esclarecer.