um facto, mas eu penso que as normas que já foram votadas têm precedência em relação às que são votadas seguidamente.

Portanto, não podemos, de maneira nenhuma, na mesma sessão legislativa em que estamos a proceder à revisão constitucional e no mesmo diploma, criar um preceito que é completamente antagónico e que esvazia de sentido o preceito anterior.

Não percebo, sequer, como é que um jurista pode defender uma posição similar. Não o percebo, e o meu partido também não o compreende.

Quanto aos deputados do PSD pelo Algarve, devo dizer que não sabia que não se encontravam presentes porque não passo a vida a olhar para trás.

Agora que esses deputados não estejam presentes eu compreendo, porque é evidente que esta discussão não se refere à Constituição nem a nada do que estamos a tratar hoje, mas refere-se, sim, aos interesses particulares de cada partido em relação às eleições autárquicas que se desenrolarão dentro de poucos meses.

O que acontece, pois , é que eles não estão para ser prejudicados pela demagogia barata que é fácil fazer através dos jornais regionais ou através dos órgãos de opinião pública, dizendo-se que o brilhante Sr. Deputado Luís Filipe Madeira defendeu a criação da região do Algarve e que os deputados do PSD pelo Algarve se opuseram.

Nós já estamos habituados a argumentos desse género. Recordo aqui aquilo que foi dito, e muito bem, pelo líder do PS nesta revisão constitucional. Que nos chamem contra as regiões, mas que não nos chamem contra Portugal. Não tenho mais nada a dizer senão reeditar as palavras do Sr. Deputado Almeida Santos. Acima de tudo somos patrióticos, pomos à frente os interesses nacionais e por isso calamos neste momento os interesses regionais, ou os interesses falsamente regionais, e os interesses puramente eleitoralistas que as pessoas vêm para aqui defender em nome de princípios que não são aqueles que afirmam.

Aplausos do PSD e do CDS.

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - Peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Luís Filipe Madeira, para que efeito pretende usar da palavra?

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - Para o que for necessário, Sr. Presidente, nomeadamente para um protesto e para um pedido de esclarecimento.

Também posso pedir a palavra para uma intervenção...

O Sr. Presidente: - Pois pode. Não quero deixar de dar a palavra ao Sr. Deputado. Só lhe peço que me diga para que efeito a pretende usar.

Diz-me que é para um protesto e para formular pedidos de esclarecimento, e eu dou-lhe a palavra. Faça favor.

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - O Sr. Presidente desculpará a vivacidade da minha resposta, mas eu estava agressivo em relação ao Sr. Deputado Sousa Tavares, e V. Ex.ª pagou um pouco por ricochete, passe a expressão, pelo que lhe peço que me desculpe.

O Sr. Presidente: - Ora essa, muito obrigado.

Neste momento não me sinto a pagar coisa alguma.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Peço o registo, já!

Vozes do PS: - Muito bem!

Se não tem dúvidas e se considera que regionalizar é bom para o País e para as populações, onde está o seu patriotismo? Ou o seu patriotismo é ir contra a vontade legítima e justa das populações?

Será, Sr. Deputado, que debaixo da sua capa alentejana -que tem andado ausente deste hemiciclo, por ser Verão, com certeza... - o Sr. Deputado guarda o cajado de Évora? Só isso poderá explicar a sua traquibérnia de fingir que o Algarve não é uma região perfeitamente identificada, histórica, geográfica, social, económica e culturalmente.

Oxalá houvesse outras tão nítidas neste país. Mas infelizmente não há, e é por isso que se impõe aqui a excepção à regra, ou seja, que a Constituição abra uma ressalva para um caso que é vítima injusta do interesse geral.