Há que abrir o caminho à juventude. Juventude que é, como sabemos, uma realidade heterogénea do ponto de vista etário, social e cultural. Mais do que uma realidade biológica, é uma realidade social e cultural. São diversas as aspirações dos jovens, porque o seu quotidiano e as suas carências não são as mesmas. Um jovem de 25 anos, casado, empregado de escritório, uma jovem operária de 19 anos, casada, com um filho, um estudante do ensino secundário com 18 anos, um jovem agricultor com 29 anos, não reagem da mesma forma, não têm as mesmas prioridades e sobretudo têm sensibilidades culturais e políticas diversas. E se, além disso, viverem em distritos como Beja ou Vila Real, Lisboa ou Castelo Branco, essa diversidade acentua-se.

Uma política global de juventude não pode ignorar, nem tão-pouco marginalizar, esta diversidade.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Nenhum governo até hoje deu prioridade à satisfação das aspirações e direitos dos jovens.

Estamos certos de que ninguém nos abrirá o caminho do futuro. É à juventude que compete exigir e lutar pela transformação das suas condições de vida.

Há que criar um forte movimento juvenil que se bata com determinação pela resolução dos principais problemas da juventude - o direito ao emprego, ao ensino, à formação, profissional e à habitação, de forma a permitir aos jovens constituírem família e viverem a sua própria vida.

A Juventude Socialista e o meu partido empenhar-se-ão para que tal aconteça. Aliás, a campanha nacional "deixem-me estudar", em que a Juventude Socialista se empenha, já disso é prova, porque consideramos que o movimento associativo, pela sua tradição histórica e pelo estado em que hoje se encontra, deve ser reanimado, de modo a tornar-se num forte movimento estudantil que lute com determinação pela satisfação dos desejos dos jovens estudantes, hoje tão ameaçados pela política decrépita do MU E; senão, analisemos por que é que as aulas ainda não abriram em faculdades como a de Ciências em Lisboa e a de Economia no Porto ou em muitas outras escolas, ou ainda como vai a colocação de professores e de pessoal técnico e auxiliar.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Enfim! Mencionei alguns dos muitos aspectos que me preocupam a mim e aos jovens e adultos do meu partido, aos jovens e adultos em geral. Todos eles esperam resposta de quem, por via da legitimidade democrática da sua eleição, devia responder pela via prática, assumindo as suas próprias responsabilidades.

A juventude portuguesa tem, sem dúvida, interesse em saber se, a par do objectivo geral de desenvolvimento económico do País, a execução de uma política de juventude é um objectivo prioritário.

Aplausos do PS.

O Sr. Adérito Campos (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para um protesto em relação à intervenção do Sr. Deputado Laranjeira Vaz.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

o Sr. Deputado tentou introduzir, de que a AD se utilizou dos jovens para ocupar o Poder e, uma vez no Poder, a juventude para ela nada significa. Esse argumento é falso, e é contra ele que quero protestar.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Deputado Laranjeira Vaz, lamento muito, mas ouvi só pane da sua intervenção, pois cheguei atrasado. No entanto, quero dizer que, de uma forma geral, concordo com muitos dos pontos que referiu, nomeadamente com a questão de que a AD "arrebanhou" ...

Risos do PSD, do CDS e PPM.

... para uma campanha histérica eleitoral os jovens para os pôr a fazer o papel que a falta de militância política dos seus elementos lhe não permitia e que, depois de estar no Poder, as suas perspectivas políticas foram contra uma política efectiva de juventude. Portanto, gostaria de lhe perguntar concretamente se, na sua perspectiva, o facto que se passou há 2 dias, ou seja, de a polícia de choque avançar sobre os ocupantes, na Quinta da Princesa, de 70 fogos - porque viviam em barracas, não tinham onde habitar - que estavam vazios, e aí havia jovens casados e outros que precisavam de lar e que foram levados para o governo civil, não é um exemplo da preocupação da