A situação no Sul de Angola está profundamente ligada com a luta do povo da Namíbia. Temos em conta que existe um duplo objectivo na situação criada com a invasão do Sul de Angola pelas forças racistas e imperialistas da África do Sul. Por um lado, pretendem criar uma zona-tampão no Sul da República Popular de Angola que dificulte as lutas e as acções do povo da Namíbia e do seu movimento de libertação, a SWAPO. Por outro lado, pretendem dar protecção e cobertura -desta vez mais às claras do que nunca- ao movimento fantoche que dá pelo nome de UNITA e ao seu dirigente Savimbi, conhecido ex-colaborador, ex-fiel serventuário do regime colonial-fascista português e actual bajulador e servidor de certos interesses imperialistas e belicistas.
Vozes do PCP: - Muito bem!
O Orador. - As posições do governo e dos dirigentes da AD são há muito tempo conhecidas neste campo.
Todos nós nos recordamos dos contactos e até das amizades e cumplicidades de dirigentes da AD que várias vezes se encontraram com Jonas Savimbi e com os colaboradores do colonialismo, e todos nós sabemos: que nas bancadas da AD se sentam hoje aqueles que no tempo da guerra colonial estavam contra as forças democráticas e acusavam os democratas deste país como traidores à pátria, como defensores de interesses obseuro e estrangeiros. Temos ainda em conta que o governo AD continua a não cumprir as sanções contra a África do Sul e nas Nações Unidas vota contra essas sanções.
A manipulação da informação é uma questão central na luta ideológica lançada pelo governo da AD e pelos seus apoios internos e externos.
Por exemplo, vimos todos o chamado programa Grande Reportagem, que levou o embaixador da República Popular de Angola a protestar veementemente com o que lá foi feito.
Temos que acabar com esta política de hipocrisia e de mentira, temos que acabar com a política de hipocrisia e mentira daqueles que dizem defender o diálogo norte-sul mas que, no fundamental, o que tentam é defender não agora as posições colonialistas mas posições neocolonialistas afirmando, ao contrário dessas suas intenções, defender o diálogo que no fundo não defendem.
Perdidas as primeiras batalhas, pretendem agora, com uma nova estratégia e com uma nova táctica política, conseguir aquilo que não conseguiram então.
A visita do Presidente da República à África Austral, à República Popular de Moçambique a outros países é neste contexto que assume uma particular importância: um passo importante para a melhoria das relações entre o novo Portugal democrático e os novos países africanos, um passo determinante na melhoria das relações entre Estados, já que todos nós sabemos que as relações entre os povos foram sempre boas antes e depois da guerra colonial, antes e depois do 25 de Abril.
Vozes do PCP: - Muito bem!
Aplausos do PCP.
O Sr. Barrilaro Ruas (PPM): - Sr. Presidente, peço a palavra para um pedido de esclarecimento.
O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado não pode pedir esclarecimentos. Pode fazer uma intervenção, se assim o desejar.
Vozes do CDS: - Muito bem!
O Orador: - ... que, respondendo ao apelo do bom senso internacional, ao bom senso das gentes, procuram encontrar uma solução que permita o futuro da vida neste planeta.
Portanto, parece pouco oportuno levantar o problema da maneira como foi feito pelo Sr. Deputado Sousa Marques.
Em relação à situação em Angola e Moçambique, quando dois movimentos, a UNITA e a FNLA, ao mesmo tempo se apresentam como autores de um acto de sabotagem em Luanda, parece pouco razoável entender que qualquer desses movimentos fala a verdade. É provável que não tenha sido nem um nem outro; talvez seja preferível não tomar a sério essas reivindicações.
Por outro lado, não há dúvida de que ...
A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Sr. Deputado, dá-me licença que o interrompa?
O Orador: - Faça favor, Sr.ª Deputada.