meu entender deveriam ser comemorados de outra maneira-, se fizéssemos esse tipo de economias, então iríamos conseguir os fundos necessários para implantarmos rapidamente o Serviço Nacional de Saúde.
O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado, dá-me licença que o interrompa?
O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado. Tenho sempre muito gosto em ouvi-lo.
O Sr. Silva Marques (PSD):- Por que não fez o Governo de V. Ex.ª essas economias?
O Orador: - O Sr. Deputado já há pouco veio com essa argumentação ... V. Ex.ª perfilha aquela concepção que diz «a culpa é sempre dos outros».
O Sr. Silva Marques (PSD): - Devemos ser humildes face aos factos e à realidade!
O Orador: - O governo socialista fez o que fez, e a história nos julgará. O governo da AD está a fazer o que nós sabemos, e a história o julgará muito mais depressa do que aquilo que os senhores pensam.
Vozes do PS: - Muito bem!
Aplausos do PS, do PCP, da UEDS e do MDP/CDE.
O Sr. Anacleto Batista (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para formular um protesto.
O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Anacleto Batista (PSD): - Sr. Deputado António Arnaut, o meu protesto vai dirigido em vários sentidos.
O primeiro é o de que o Sr. Deputado ouve mal, porque não fui eu que falei no 25 de Abril, mas sim V. Ex.ª
O Sr. Rogério Leão (CDS): - Não sabe falar em mais nada!
O Orador: - Eu disse até 1975. Portanto foi V. Ex.ª que enumerou o 25 de Abril.
Em segundo lugar, continuo a protestar, dizendo-lhe que as misericórdias têm mesmo vocação para administrar hospitais. E deram disso prova, não durante alguns meses ou alguns anos, mas sim durante as muitas centenas de anos em que administraram os hospitais e em que os doentes não se queixavam.
Protestos do PS e do PCP.
O Sr. Lino Lima (PCP): - Misericórdia para este deputado!
Aplausos do PSD e do CDS.
O Sr. Presidente: - Para um contraprotesto, tem a palavra o Sr. Deputado António Arnaut.
O Sr. António Arnaut (PS): - Sr. Presidente. Srs. Deputados: Desejo contraprotestar para repor algumas situações no seu devido lugar.
Não sei se o CDS, partido democrata cristão, concorda com a última alusão do Sr. Deputado Anacleto Batista, mas isso é um problema interno que a AD resolverá com a colaboração do Partido Popular Monárquico, dado o seu feitio tradicionalmente conciliador.
Entretanto, devo dizer ao Sr. Deputado Anacleto Batista que não ouvi mal o que V. Ex.ª disse. Todavia, julgo-me no direito de interpretar as suas palavras e a alusão que fez a 1975 como querendo significar que a partir daí tudo esteve mal no sector da saúde. Tendo V. Ex.ª dado como exemplo o hospital do seu concelho, pareceu-me ver aí uma crítica velada ao 25 de Abril. Mas se não foi isso que pretendeu, congratulo-me com esse facto.
O Sr. Deputado diz que as misericórdias têm vocação para a prestação de cuidados de saúde e que elas desenvolveram uma acção altamente meritória nesse campo. No entanto, Sr. Deputado, isso foi no tempo em que todos os hospitais deste país eram das misericórdias, em que o Estado se desinteressava da prestação de cuidados de saúde por não considerar a saúde como um direito e por entender que as acções de prestação de cuidados de saúde estavam integradas no espírito caritativo da rainha D. Leonor ou, para ser mais preciso, do seu confessor e amigo intimo, o Sr. Miguel Contreiras.
Não, Sr. Deputado! A vocação das misericórdias é outra é a vocação do Estado tem que ser no sentido de assegurar o cumprimento dos direitos sociais, que não podemos deixar a nenhuma instituição.
O Sr. Deputado tem outra concepção e eu tenho a minha. Mas, se o Sr. Deputado conhece alguns dos sistemas modernos de saúde, sabe certamente que nenhum serviço nacional de saúde se compadece com a existência de subsistemas de saúde que funcionem