O Orador: - Não, só permito a interrupção se o tempo não for descontado!

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - O tempo é meu!

Corre por minha conta!

O Sr. Presidente:- Será descontado então no seu tempo, Sr. Deputado Carlos Robalo. Faça favor, Sr. Deputado, concedo-lhe a interrupção, de acordo com o Sr. Deputado Salgado Zenha.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Sr. Deputado Salgado Zenha, eu esperava que a sua ironia lhe permitisse, pelo menos, responder com ironia às questões que lhe coloquei. Volto a lembrar-lhe a questão da gasolina, até porque o Sr. Deputado, Salgado Zenha está claramente a confundir alhos com bugalhos! O Sr. Deputado perante a pergunta que lhe faço, no sentido de saber o que é que o seu partido entende por autonomia, por descentralização, por regionalização, fala-me dos Governos Regionais da Madeira e dos Açores.

Oh, Sr. Deputado! Ironia sim, mas nem tanto!...

É só isto que quero dizer-lhe e nada de misturar alhos com bugalhos! ...

Pegue o touro de caras, Sr. Deputado! É isso que deve fazer! ...

é vosso! ... Simplesmente, fui e sou antifascista, mas também sou democrata e oiço com mais paciência as diatribes e as objurgatórias e até, às vezes, os disparates da Aliança Democrática porque quando o PS foi governo, ouvi dizer aqui, repetidamente, que a crise do petróleo não existia ...

Vozes do PS: - É verdade!

O programa eleitoral da Aliança Democrática foi apresentado em fins de 1979, quando o primeiro choque já tinha vindo à luz e foi apresentado em 1980, dizendo-se que o Programa de 1980 era o mesmo do ano anterior, quando o segundo choque petrolífero era conhecido de toda a gente, incluindo o Sr. Deputado Carlos Robalo, que é um especialista em combustíveis, segundo parece!

Portanto, é certo que a Aliança Democrática sabia perfeitamente das dificuldades existentes na conjuntura internacional e que o Sr. Ministro das Finanças critica o Sr. Ministro Cavaco e Silva. Isto é indiscutível! Vem aqui na proposta de lei sobre o orçamento! Aqui se diz que os défices orçamentais no decurso dos anos recentes vieram a atingir valores claramente excessivos em comparação com o produto nacional, 11,1 % em 1980 segundo as estimativas disponíveis!

De quem é esta gestão? É de Cavaco e Silva. Isto é uma crítica frontal à administração feita por Cavaco e Silva! É o Sr. Ministro das Finanças que o diz!

Aplausos do PS, da ASDI e da UEDS.

Nós ouvimos aqui o Sr. Ministro Cavaco e Silva, com o dogmatismo que caracteriza certos mentores da Aliança Democrática, dizer repetidas vezes que o défice externo era irrelevante!

Dizia: o que me importa o défice externo? Isso não tem importância nenhuma, o que interessa é a inflação.

Bem, agora temos um défice de 2,2 biliões. Enfim, deixo essa dança de S. Vito dos mímeros para os entendidos ...

Mas vem-me o Sr. Ministro das Finanças dizer que está alarmado com esse défice externo! E nós estamos também! Mas a política de valorização do escudo feita por Cavaco e Silva, não teve influência neste estado de coisas? A anestesia de sensibilidade pública para um problema tão importante como este, a preocupação sectária de desvalorizar a actuação dos governos do PS e nomeadamente de Victor Constâncio, esse espírito de capela estreito não teve influência nesse estado de coisas?!

É evidente que teve, só um cego é que não reconhece!

Aplausos do PS, da ASDI e da UEDS.

É evidente que essa crítica implícita foi feita pelo Dr. João Salgueiro, que é um homem que não podemos obrigar a dizer aquilo que ele não pensa, mas que não vai mentir dizendo o contrário do que está escrito nesses papéis e que resultam das suas intervenções!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Quanto à .política financeira, na altura em que pertenci ao Governo e estive na Pasta das Finanças, direi que o PSD é que não pode enjeitar essa política! O PSD esteve representado por 2 secretários de Estado quando fui Ministro das Finanças. O Dr. Santos Silva, que abandonou o PSD, esteve no governo. Mais tarde, o Dr. Sá Carneiro avistou-se