conteceu. Mas continuamos dispostos a esperar até ao final do próximo ano para vermos se esse objectivo foi ou não cumprido.

Mas o mais importante nesta matéria não é saber se, apesar de tudo, esse objectivo seria possível de alcançar. Mais importante são as consequências dessa opção na política salarial e na política monetária.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Aqui é que se define verdadeiramente o sentido das prioridades que se estabelecem para a conjuntura económica portuguesa: escolher uma taxa de inflação irrealista e mais baixa e, por hipótese, ajustar as políticas salarial e monetária a esse objectivo vai ter consequências negativas sobre o objectivo do crescimento, sobre a deterioração dos salários reais. Estas são consequências que nós não aceitamos.

Vozes do PS:- Muito bem!

O Orador: - Nas condições actuais da conjuntura portuguesa defender, tanto quanto é possível e na margem de manobra de que actualmente dispomos, o emprego exige que neste momento aceitemos uma taxa de inflação mais realista, para termos assim uma política salarial e uma política monetária mais ajustadas àquilo que se vai passar no próximo ano.

Infelizmente não estamos na posição dos nossos camaradas franceses que, tendo uma situação económica em que o défice orçamental é de cerca de l % do produto nacional respectivo e em que o défice da sua balança de transacções correntes foi no ano passado pouco superior a l % do produto nacional francês, têm assim uma posição diferente da nossa. Nós não podemos a curto prazo defender uma reflação da economia que seria desajustada no caso português e, mesmo, irresponsável. Mas os termos da mesma opção que nos levam a dar prioridade ao emprego sobre a inflação levam-nos a defender que para o próximo ano deveríamos, com mais reali smo, aceitar uma taxa de inflação ligeiramente superior, porque isso dá mais garantias de defender o emprego dentro das dificuldades existentes e defender o crescimento económico possível.

Quanto às sugestões que dei quanto ao Orçamento, é injusto pedir à oposição que elabore a alternativa a todo o OGE. O que eu fiz foi dar alguns exemplos de possíveis alterações, que demonstram que se estivéssemos no Governo teríamos apresentado um orçamento diferente. Essa era a demonstração que politicamente nos importava aqui fazer e que foi feita.

Vozes do PS: - Muito bem!

enfrentar a conjuntura, fica dito o suficiente, mas não fica porventura dito o mais importante, porque o que nos separa não são apenas as soluções para os problemas referidos, que aliás só ne aparência são técnicos. As razões profundas das nossas divergências, aquilo que faz do PS verdadeiramente uma alternativa, têm a ver com os valores sociais e humanos que perfilhamos, com a organização económica e social que defendemos, porque daí decorrem as soluções que adoptamos para os problemas nacionais. Os direitos dos trabalhadores, a prioridade ao emprego, a utilização racional de um sector público forte que controle o poder económico e a função do investimento, a política de diálogo social que se exprime, entre outras coisas, numa política de preços e rendimentos, são vectores essenciais para a solução dos problemas do País.

Aqui se encontram os principais fundamentos daquilo que nos diferencia do Governo.

Remeto também o Sr. Ministro de Estado, que a propósito- do que eu e outros camaradas meus aqui dissemos, defendeu que a nossa alternativa seria diferente apenas no grau, para as intervenções que- aqui fiz TIO ano passado, durante a discussão da moção de confiança apresentada pelo Governo em Novembro e para a minha intervenção em Janeiro deste ano aquando da investidura do VII Governo Constitucional, a propósito da nossa concepção de Estado, da libertação da sociedade civil e do modelo social e económico que adoptamos.

Isso é que marca a verdadeira diferença da nossa alternativa. Ao contrário do que tinha feito em Setembro, o Sr. Primeiro-Ministro disse ontem que não