não lhe parece que a área da cultura neste governo - independentemente de outras considerações que eu poderia fazer - serve, ao cabo e ao resto, como uma zona de violinos, como uma área de tentativa de desincrespação e da demagogia face aos graves conflitos que esse mesmo Governo vai abrindo noutras zonas fundamentais da vida política nacional?
Aplausos do PCP e do Sr. Deputado Ferreira Guedes (UEDS).
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.
tinha sido um aumento de l milhão, o que seria extraordinário, não lhe parece, Sr. Deputado?
O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, peço a palavra, para fazer um pedido de esclarecimento à Sr.ª Deputada Natália Correia.
O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Já aqui uma vez tivemos ocasião de trocar...
A Sr.ª Natália Correia (PSD;: - Piropos!
O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Natália Carreia.
A Sr.ª Natália Correia (PSD):- Tenho que fazer uma confissão a este Parlamento, pois o Sr. Deputado Mário Tomé confunde-me sempre, porque me reduz a um silêncio provocado pela confusão que me causa a contradição estética entre o seu físico monárquico e o seu verbo revolucionário.
Risos e aplausos do PSD.
Fico sempre atordoada e «ao sei que dizer. V. Ex.ª tem o dom de tirar a voz à cultura, devo dizer-lhe, com cisa magnífica contradição.
Quero dizer-lhe, no entanto, que o Sr. Deputado já devia saber que a cultura é sempre para, o povo. Não lenho é culpa que o Sr. Deputado tenha apenas do povo uma concepção imediatamente massificante. Uma coisa é massa, outra coisa é povo, a este é um valor intemporal e perpétuo, que está sempre a fazer a história.
Quanto ao meu livro, Sr. Deputado, lastimo a sua ignorância. O Governo nada tem a ver com isso. O meu livro foi editado por um editor que. se debate com grandes dificuldades económicas e que conseguiu fazer uma edição muito barata em relação a qualquer livro que o senhor compre, por exemplo, para expor as suas «excelentes» doutrinas e que custa, com certeza, mandando-o vir de França, um conto e tal.
Não tenho nada a ver com isso, calunie, se quiser, o pobre editor, mas aconselho-o a não o fazer. Uma das coisas que o sector cultural do Governo terá de fazer é precisamente bonificar a edição, para. ver se os livros começam a sair mais baratos - mas não me culpe disso.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Mário Tomé, creio que é um exagero estar a suspender o Sr. .Deputado Manuel Alegre das respostas que tem que dar às perguntas que lhe foram feitas.
O Sr. Mário Tomé (UDP): - É muito rápido, Sr. Presidente.
Queria só dizer à Sr.ª Deputada que a não culpei de nada e a contradição é sua. A Sr.ª Deputada começou por dizer que isto não tinha nada a ver com o Governo e depois veio dizer que se culpasse o Governo por este não subsidiar as edições.
Ora, só lhe perguntei em que perspectiva cultural se inseria a publicação de um livro que é para o povo, ou que devia ser, e que custa 1740$.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre.
O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr.ª Deputada Natália Correia, minha querida amiga, compreendo o seu protesto e até o agradeço, porque permite enriquecer um pouco este debate acerca de uma questão sectorial, que é importante, e que é a cultura.