Victor Constâncio, se admite a possibilidade de atingir mais de 18,5 %, quase 20 %.

A serem verdade estas duas premissas, pergunto ao Sr. Ministro se assim os trabalhadores portugueses vão ou não ver diminuídos os seus rendimentos de trabalho no próximo ano.

Outra questão coloca-se no saber, face à perspectiva de o Sr. Ministro dos Assuntos Sociais levar em frente o projecto que visa diminuir as comparticipações ao nível dos medicamentos nacionais de 75 % para 60 º/o e dos estrangeiros de 60 % para 40 %, face à perspectiva de se verificarem os aumentos previstos quanto ao internamento hospitalar, à assistência médica e aos serviços auxiliares de diagnóstico, se isso não significa no seu conjunto uma diminuição do salário real dos trabalhadores portugueses.

Protestos da PSD e do CDS.

Meus senhores é isto que nos aflige.

Os senhores iludem-se e estão convencidos que iludem as pessoas que estão lá fora. Não iludem, já que estas são muito mais conscientes do que os senhores.

Aplausos da UEDS, do PS, do PCP. da ASDI e da UDP.

Outra pergunta que lhe coloco, Sr. Ministro, vai no sentido de saber se reconhece ou não que os trabalhadores portugueses são os que auferem menores salários em toda a Europa.

Pergunto ainda se é ou não verdade existirem neste momento em Portugal, mais de 380 mil desempregados e se este número é ou não superior ao existente há um ano atrás.

Responde sem disfarces, Sr. Ministro! Acabe-se com estas jogadas, com que os senhores se entretém, que mais não fazem do que esconder as realidades para as quais as pessoas, lá fora, querem resposta.

Aplausos da UEDS.

Protestos do PSD e CDS.

Entretanto, reassumiu a Presidência o Sr. Presidente Oliveira Dias.

O Sr. Presidente: - Deseja responder já, Sr. Ministro?

O Sr. Ministro de Estado das Finanças e do Plano: - Sr. Presidente, seria possível pedir uma interrupção por 10 minutos? Esclareço rapidamente do que se trata.

Tenho uma assinatura de um contrato internacional marcada para às 18 horas e 30 minutos, aqui na Assembleia, com o Banco Europeu de Investimentos, da Comunidade Económica Europeia. Acontece que este era o único dia em que estava disponível e não contava que o debate fosse tão longo.

O Sr. Presidente:- Sr. Ministro, regimentalmente tais pedidos não são possíveis ao Governo. No entanto, qualquer grupo parlamentar o pode fazer.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Sr. Presidente, s(c) me dá licença, peço, em nome do meu grupo parlamentar, um intervalo de 15 minutos.

O Sr. Presidente: - É regimental o pedido.

Está concedido.

Está suspensa a sessão.

Eram 19 horas e 15 minutos.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão.

Eram 19 horas e 35 minutos.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Sousa Marques.

Peço, entretanto, aos Srs. Deputados para retomarem os seus lugares. Àqueles que o não desejarem fazer pediria que fossem conversar para os Passos Perdidos, a fim de que os oradores tenham condições de se fazerem ouvir.

O Sr. Sousa Marques (PCP): - Sr. Ministro, gostaria de fazer algumas observações relativamente ao Plano Siderúrgico Nacional.

O Sr. Ministro, pessoa bem informada, sabe perfeitamente que, inclusivamente colegas seus, deste Governo já o reconheceram, que não se pode falar, neste momento, de qualquer Plano Siderúrgico Nacional.

O que se pode dizer é que estamos perante a expansão de uma empresa, a Siderurgia Nacional, já que o plano era algo mais vasto. Houve cortes no plano inicial, na chamada 1.ª fase e também na criação da laminagem.

O plano de Moncorvo está parado. As pirites alentejanas estão como o Sr. Ministro sabe. Graves situações existem noutros sectores, como é o caso da metalomecânica pesada, do sector dos transportes, da célebre questão, entre aspas, da navegabilidade do rio Douro.

Existem, portanto, toda uma série de questões relacionadas com o que foi o Plano Siderúrgico e aquilo que é hoje a expansão da Siderurgia Nacional.

Há atrasos enormes oposição, dentro e fora desta Assembleia, em todo o processo em análise? Não se deverá o facto de o Plano Siderúrgico, hoje em dia, não estar completamente congelado e alguma coisa estar a ser feita devido à posição destes? Parece-me que sim e que o Sr. Ministro tem consciência disso!