como uma marca que une os homens que um dia tiveram essa experiência. Uma memória que, portanto, é, por um lado, bem cara a muitos mas que, por outro, é a garantia de alguma coisa que vai ganhando em si mesma a essência da perenidade.

As repúblicas de Coimbra, muitas vezes apenas esquematicamente associadas a uma tradição libertina e algo aureolada de fantasia, foram no entanto autênticos alfobres de experiência democrática, quer pelos mecanismos de 'gestão...

Aplausos gerais.

..., que uniam e levavam os estudantes a encontrar pela sua própria iniciativa a solução idos problemas que se lhe colocavam, como também, a muitos níveis, foram nervos motores de iniciativas culturais, as mais amplas, colóquios, debates, bibliotecas, publicações, iniciativas de carácter editorial, assunção clara da atitude de rebeldia em todos os campos: da vida, e naturalmente nesse que é primacial, o campo da actividade política.

As repúblicas de Coimbra foram durante o fascismo, e designadamente nos últimos anos, baluartes da resistência antifascista, e não é lídimo, dei modo nenhum, esquecer esta, realidade que também traçou, de modo indelével o seu perfil. Por isto mesmo, pensamos que hoje se impõe preservar as repúblicas, os solares, as organizações de estudantes que ainda em Coimbra projectam essa tradição e a vivificam, moldando-a, naturalmente, às exigências de uma realidade nova, mas mantendo o espírito de solidariedade, fraternidade e de entreajuda que caracterizou, de larga maneira, o seu nascimento e a vida que foi tendo.

Por isso demos o nosso apoio à iniciativa legislativa da ASDI, que de um modo idóneo se propôs resolver um problema candente: o da existência de acções que visam na presente conjuntura, destruir, de algum modo, a existência dessas repúblicas e desses solares ao criar, através de um articulado; simples os mecanismos! mais ágeis e mais rápidos para solver um problema -ainda que possamos opor-lhe algumas reservas do ponto de vista de técnica legislativa, ou de outros princípios; pensamos que este projecto de lei recolheu o parecer, o apoio e as críticas preciosas da Procuradoria-Geral da República.

Da conglobação destas ideias, e do debate havido no seio da Comissão de Cultura e Ambiente, foi possível chegar a uma iniciativa conjunta, que é a que hoje aqui apreciamos e que, de um modo perfeitamente claro, nos parece irá colher o aplauso desta Câmara.

Não o fizemos, todavia, sem primeiro ouvir as associações de estudantes, a direcção da Associação Académica de Coimbra, os representantes das próprias repúblicas - o seu parecer, a sua vontade - d

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Pacheco Mendes.

O Sr. Pacheco Mendes (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É com grande entusiasmo, muita saudade e justificada honra - e algum sono também que venho dizer duas palavras & tecer umas considerações acerca das repúblicas dos estudantes de Coimbra. Entusiasmo que só é perceptível a quem viveu Coimbra de capa e batina; Saudade, muita saudade porque já lá vão um ror de anos; Justificada honra por ter oportunidade de o fazer perante VV. Ex.ªs, pois muitos fizeram vida de estudante em Coimbra. Muitos são estudantes de Coimbra! Digo são, porque estudante de Coimbra é-se toda a vida. Nunca se poderá dizer de um verdadeiro estudante de Coimbra, que foi. Um estudante de Coimbra, é.

Aplausos gerais.

O Orador: - Para estes não se torna necessário dizer nada, explicar nada; nem é necessário ouvir tanger as cordas de uma guitarra. Para os outros, gostaria de fazer uma pequena resenha histórica sobre as repúblicas. E poderia começar a falar delas desde 1290, desde os tempos da bela Inês de Castro!

Em linguagem coimbrã, «república» quer dizer casa ou habitação de estudantes, por eles governada, sem oposição dos «futricas», que são os não estudantes, e sem orçamento prévio, pois eram sempre deficitários não tinham Ministro das Finanças e do Plano- e sem alternativas, pois o Sr. Deputado Victor Constâncio, não estava lá.

Risos do PSD e CDS.