O Orador: - Em que país está?

Percebo perfeitamente a vossa agitação, o vosso barulho, aquilo que fizeram na comunicação social e que tentaram fazer aqui, nesta Assembleia, calando e silenciando os problemas concretos do nosso povo. E falam na Polónia ...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sem dúvida!

O Orador:- Contudo, Sr. Deputado Silva Marques, na Polónia ainda continuam a existir serviços gratuitos na segurança social, continua a existir o direito ao emprego e ao trabalho, enquanto aqui os senhores rejeitam e recusam ao nosso povo aquilo que são os direitos humanos fundamentais.

Aplausos do PCP.

Os senhores não falam nos contratados a prazo, não falam nos 400 000 desempregados. Por que é que não aplicam as leis da República, nomeadamente a Lei das Comissões de Trabalhadores, permitindo aos gestores eleitos pelos trabalhadores que tomem posse? Por que é que atacam e agridem os trabalhadores da Reforma Agrária?

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Porque é que os senhores não falam contra os patrões que agrediram a tiro os sindicalistas portugueses? 15so não interessa.

Os senhores parece que são mais polacos do que portugueses.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Não há campos de concentração em Portugal!

O Orador:- Quando vemos os Ministros na televisão a atacar o Partido Comunista Português, isso dá-nos a certeza de que estamos no caminho certo, que estamos ao lado dos trabalhadores, que a democracia é possível, que o 25 de Abril vai vencer.

Quanto ao resto dos protestos, ao abrigo das disposições regimentais aplicáveis, dispenso-me de responder a provocações tolas e palermas.

Aplausos do PCP.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Os trabalhadores o dirão!

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Peço a palavra. Sr. Presidente.

O Sr. Presidente:- Para que efeito deseja usar da palavra, Sr. Deputado?

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, eu tinha pedido a palavra antes de o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa contraprotestar. Contudo, V. Ex.ª não reparou. Há pouco tinha pedido a palavra para fazer um protesto.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, como é hábito, anotei os pedidos de palavra no fim da declaração política do Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, mas eu pedi a palavra, simplesmente V. Ex.ª estava distraído e não reparou.

O Sr. Presidente: - Então peço desculpa, mas parece-me que estávamos os dois distraídos porque eu li os nomes dos Srs. Deputados Carlos Robalo e Silva Marques e não vi o pedido de palavra por parte de V. Ex.ª

Em todo o caso, na dúvida, tem V. Ex.ª a palavra.

O Sr. Sousa; Tavares (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Aliás as minhas intervenções são sempre extremamente breves e simples.

Risos do PCP.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Para contraprotestar, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tenho profundas dúvidas de que o Sr. Deputado Sousa Tavares tivesse pedido a palavra, tal como os oradores antecedentes. É que dá a impressão de que, só depois de a minha resposta vir à carga, pediu a palavra para confundir. Chego â conclusão de que o Sr. Deputado Sousa Tavares não ouviu aquilo que eu disse. Quase me apetecia responder com a parte final do meu contraprotesto de há pouco. No entanto, não o faço.

Sr. Deputado Sousa Tavares, nunca o ouvi levantar a voz em relação a outros problemas que existem no globo.

Nunca se referiu à prisão e à morte de dirigentes e delegados sindicais na Turquia, em El Salvador, na Guatemala, em vários outros países. O senhor calou-se sempre. Mais uma vez vem aqui acenar com a Polónia para procurar esconder as realidades do nosso povo e a própria situação internacional.

Aplausos do PCP.

Vozes do PSD: - 15so é mentira!

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra ao abrigo regimental do direito de defesa.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, Sousa Tavares, pretende usar da palavra, como direito de defesa, por se sentir atingido na sua honra e dignidade pessoal?