limitar as declarações políticas apenas ao período de antes da ordem do dia. As declarações políticas têm sempre o direito de ser produzidas.

O Sr. Presidente: - Evidentemente, Sr. Deputado.

Em todo o caso, não era essa a questão. A minha dúvida residia no facto de se encontrar na Mesa um requerimento, subscrito por deputados do Grupo Parlamentar do CDS, solicitando, nos termos do artigo 84.º do Regimento, o prolongamento do período de antes da ordem do dia.

Como a intervenção do Sr. Deputado António Campos não nos vai dar tempo para votarmos a referido requerimento, antes do limite do período de antes da ordem do dia, vamos votá-lo já.

Submetido à votação foi aprovado por unanimidade.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Mário Tomé, pode informar a Mesa das razões por que pediu a palavra?

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, é para interpelar a Mesa no sentido de saber se o voto que a UDP apresentou relativamente à anexação dos montes Golã poderá ser discutido e votado ainda hoje, aproveitando-se até o prolongamento do período de antes da ordem do dia. É que senão ele perde a oportunidade.

O Sr. Presidente: -Sr. -Deputado., V. Ex.a, sabe que regimentalmente temos de dar sempre prioridade às declarações políticas. Embora seja verdade que o seu voto sobre a anexação dos montes Golã já foi entregue há mais de 2 semanas, não vejo, salvo se a Câmara decidir em sentido contrário, como é que ele há-de ser apreciado e votado ainda hoje.

Portanto, concedo de imediato a palavra ao Sr. Deputado António Campos para uma declaração política.

O Sr. Antônio Campos (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Há dias visitei, na companhia de mais 3 deputados do PS, o vale do Mondego.

A razão de tal visita era a de analisar as informações por vezes alarmistas de prejuízos causados pelas cheias.

Felizmente que algumas obras já executadas na normalização dos caudais e do leito do Mondego evitaram o pior.

Os campos inundaram, mas já não amedrontaram as populações, apesar de a queda pluviométrica ser bastante elevada.

Só a aldeia mártir da Ereira voltou a ficar isolada, fazendo votos para que as obras avancem e para que dentro em breve esse isolamento ancestral passe à história.

Esta visita, no entanto, trouxe-nos preocupações motivadas pela desarticulação total dos serviços e acima de tudo pelo desleixo e incapacidade do Governo em rentabilizar em tempo útil dezenas de milhões de contos já investidos.

Concluída já a barragem da Aguieira, em construção a albufeira de Fronhas no Alva, em fase de acabamento o açude-ponte em Coimbra e a regularização do leito do Mondego, a AD desde que foi para o governo passeia os seus ministros e secretários de Estado pela região nada fazendo para dinamizar e ultimar o plano de rega.

O Sr. Manuel do Costa (PS): -Muito bem!

O Orador: - Todas as grandes obras a andar na região foram adjudicadas por outros governos, e não por qualquer governo AD.

situação e a rede de enxugo está ainda mais distante.

O restabelecimento de comunicações e melhoria da rede viária do Baixo Mondego anda a igual velocidade.

Muitos milhões de contos vão ficar sem total aproveitamento por inépcia e imobilismo dos últimos governos.

Míopes em relação ao futuro, incapazes em relação ao presente, debitam palavras aos órgãos de informação na proporção em que creditam ao País a vontade de se ver livre de tal gente e de tal situação.

Mas se as obras, algumas de início urgente, que comprometem o aproveitamento das em andamento ou concluídas não arrancam a política agrícola para este vale, onde estão a ser gastos - volto a repetir - dezenas de milhões de contos do colectivo, ninguém a conhece.

Vale largamente minifundiário, onde cerca de 61 % das explorações é inferior a 1 ha, abrangendo a zona irrigada cerca de 15000 ha, distribuídos por 35 000 prédios pertencentes a aproximadamente 9300 proprietários.

Para transformar es ta estrutura fundiária só uma política corajosa, progressista e dialogada o conseguirá.

Havendo solos de alta qualidade, água e clima favorável, resta haver vontade política para preparar os agricultores e reestruturar as empresas, sem a qual não haverá êxito para o plano de rega e para a agricultura.

Vozes do PS: -Muito bem!

O Orador: -Nós, socialistas, pensamos que este plano deve ser profundamente acompanhado, dado