Todos nós, como homens, valemos muito e basta que os direitos de um só sejam postos em causa para que os direitos de nós todos sejam com isso prejudicados. E longe de nós aceitar que pudesse ser ressuscitada, sobre outro cariz, a ideia de que uns safanões dados a tempo eram qualquer coisa de bom e democrático.

Vozes do PS e do PSD: - Muito bem!

Uma voz do PSD: - Demagogia!

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Isso é ingenuidade!...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Isso é um simplismo primário, Sr. Deputado!

O Orador: - Não o ter verificado foi para mim um motivo de surpresa. Gostaria de o sublinhar porque me parece importante e revelador.

Um segundo aspecto que me parece revelador e sintomático é que esta mesma movimentação produzida revela uma coisa que também aqui cumpre sublinhar: é que, pelos vistos e finalmente, todos estamos de acordo quanto à importância do papel desempenhado pelo Presidente da República que é tanto, que justifica a movimentação produzida, a nível de todas as bancadas partidárias.

Sublinhados estes factos, que de facto se trata, gostaria de salientar dois aspectos. Parece-me errado que, e como tal deve ser sublinhado, uma interpretação das eleições presidenciais levaria a condicionar a revisão constitucional aos resultados dessas eleições. São afirmações do porta-voz da Presidência da República, que não merecem nem o meu acordo nem o meu aplauso.

O Sr. Vilhena de Carvalho (ASDI): - Muito bem!

O Orador:- Diria ainda que também não merecem nem o meu acordo nem o meu aplauso os cenários evolutivos traçados por aquele porta-voz. Se ele se tivesse reduzido à afirmação de um cenário possível, perante uma eventualidade igualmente possível, enfim, todos nos vamos habituando ao método dos cenários e verificamos, com alguma frequência, que os analistas políticos passam a ser comentadores ou que mesmo quando membros do Governo não resistem a regressar à antiga ocupação. Não estranharia, portanto, que esse método fosse generalizado.

Mas o ponto que me parece importante, o mais importante de todos, são as declarações que vêm por acréscimo a estas outras e que, essas sim, seriam susceptíveis de dar origem a um nosso protesto.

Nós não nos sentimos pressionados. Pensamos que os cidadãos têm o direito de intervir, expondo as suas opiniões, mas cremos que essa mesma liberdade exige responsabilidade, exige portanto que as afirmações feitas sejam produzidas no exacto quadro

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, V. Ex.ª concluirá o mais rapidamente possível o seu raciocínio porque esgotou os 10 minutos de que dispunha.

O Orador: - Com certeza, Sr. Presidente.

Eu diria que o nosso problema democrático é saber até que ponto a personalização do Poder é desejável, até que ponto todos temos algumas culpas no cartório em relação a ela ...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

Aplausos da ASDI, do PS e da UEDS.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Estão ainda inscritos os Srs. Deputados Sousa Tavares e Borges de Carvalho.

Ultrapassamos em 20 minutos o tempo previsto para o período de antes da ordem do dia, facto que decorreu do desenrolamento do debate e, embora não queira coarctar a ninguém a liberdade de se exprimir aqui, peço aos Srs. Deputados que considerem se ainda é oportuna ou não a vossa intervenção e, por outro lado, se é compatível com o limite de tempo, que a bem dizer, está ultrapassado.

O Sr. Borges de Carvalho (PPM): - Eu prescindo, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, o Sr. Deputado Borges de Carvalho fez chegar à Mesa a informação de que prescinde do uso da palavra, mas como o