anti-NATO e anti-CEE - reforçam a sua submissão aos americanos e às teorias mais paranóicas de liquidação da Humanidade.

Aproveitem senhores da AD as esmolas que as multinacionais vos dão, dão aos seus lacaios, porque não terão muito tempo!

E Eanes e as forças armadas também podem jurar fidelidade aos generais americanos, formar "heróicos" oficiais, como aqueles com quem ontem tive contacto, que se lamentam de não terem já uma guerra colonial para experimentarem as suas aptidões; podem impor métodos de instrução embrutecedores e criminosos, como, para além de tantos exemplos, mostra a morte intolerável do jovem Manuel Cabrita, da Escola Prática de Vendas Novas; podem aumentar a repressão nos quartéis e alienar a consciência dos jovens com o veneno dos chamados valores militares e a mentir do apoliticismo das forças armadas Podem fazê-lo, mas o nosso povo, lutando contra o Governo AD, contra a repressão institucional, saberá correr com os americanos ou com quaisquer outros e garantir a independência nacional. E para isso terá certamente o apoio dos seus filhos: os soldados.

Vozes do CDS: - Clarinho, como água!

O Sr. António Moniz (PPM): - Nem o conheço de Santarém!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Vitorino.

O Sr. António Vitorino (UEDS) - Sr. Deputado, a dada altura da sua intervenção, não quis crer naquilo que ouvia e é por isso que faço um pedido de esclarecimento.

O Sr. Deputado Mário Tomé incriminou a política belicista dos Estados Unidos da América, incriminou a política belicista da União Soviética e disse: e agora também a política belicista da China. Isto revela uma inflexão significativa nas posições políticas da UDP! Eu, como sou um cultor das pequenas curiosidades históricas, fiquei sem saber a partir de quando é que a China passou a ter, na opinião da UDP, uma política belicista. Será que foi a partir do momento em que o Sr. Henver Hoxa passou a considerar a China pátria do socialismo na mais vil mistificação desse mesmo socialismo?

É por isso que lhe faço este pedido de esclarecimento, Sr. Deputado Mário Tomé: a partir de quando é que a UDP entende que a China passou a ser uma potência imperialista e belicista, por que razões e em que circunstancialismos e isso revela ou não uma mudança de posição significativa por parte da União Democrática Popular?

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Mário Tomé deseja responder já ou aguarda o outro pedido de esclarecimento?

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Respondo já, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem V. Ex.ª três minutos para responder.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Deputado António Vitorino, estava convencido de que V. Ex.ª tinha um olhar mais frequente para a história, para aquilo que se passa no mundo, e tem certamente!...

Não foi Henver Hoxa, como o senhor disse, que proclamou isso, nem foi a UDP que mudou de uma forma mais acentuada e muito mais clara, embora essa mudança viesse já de há muito tempo de uma forma subtil e pouco perceptível, foi a China.

Foi a China que deixou de ser um país da democracia popular, deixou de ser um país em que o socialismo era o objectivo fundamental dos seus dirigentes porque do povo sê-lo-á sempre, deixou ser um país que apoiava firmemente a revolução em todo o mundo, onde quer que se desenvolvesse, e deixou de ser um país que contribuía firmemente, pela sua política internacionalista, para dar apoio aos povos e ser um farol para esses mesmos povos.

Foi a China que deixou de ser tudo isto quando claudicou totalmente com as suas novas teses, fundamentalmente apresentadas há cerca de quatro anos.

Foi a China que se aliou, de uma forma clara, ao imperialismo americano.

Foi a China que invadiu, nomeadamente, o Vietname.

Foi a China que mudou, não foi a UDP, Sr. Deputado António Vitorino!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Portugal da Silveira para um pedido de esclarecimento.

O Sr. Portugal da Silveira (PPM): - Sr. Deputado Mário Tomé, a sua intervenção foi na linha de muitas outras que temos ouvido.

O Sr, Mário Tomé (UDP): - Felizmente!

O Orador: - Faz uma apologia a uma revolução mítica que é dificilmente entendida pela grande maioria, penso eu, dos deputados desta Câmara e também pela esmagadora maioria do povo a que tantas vezes alude como seu suporte. Mas não era a isto que me