fala em massas e eu fico sempre na dúvida sobre quais são as massas a que se refere.

Risos do CDS, do PSD e do PPM.

O Sr. Deputado Mário Tomé não tem legitimidade para falar em maiorias. O senhor é de facto minoria e revolucionária, contra a democracia.

O Sr. Mário, Tomé (UDP): - Tenho legitimidade para falar em nome daqueles que pagam os 25$!

O Orador: - O Sr. Deputado é daqueles exemplos que só existe quando existe democracia, porque se existisse um governo da ideologia do senhor nós não estaríamos aqui, pois não existiria democracia. A sua autoridade nesses, aspectos é pouca. O senhor quando fala em democracia ofende-a.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Queria dizer-lhe, Sr. Deputado António Arnaut, que não podemos atacar os médicos, por pensarem fazer uma greve. É ou não verdade que os médicos são trabalhadores como os outros?

Não vi o Sr. Deputado criticar as greves que se fizeram e naturalmente até as elogia e é defensor de uma greve geral. Porque é que há-de criticar os médicos por entrarem em greve? Não ficaria u Sr. Deputado satisfeito que fizessem parte da greve geral? ...

Assim, só lhe queria pedir, Sr. Deputado António Arnaut, que é um grande entusiasta dos problemas da saúde, que não jogue politicamente com a saúde de um povo. Não se esqueça o Sr. Deputado que fez alguma coisa em matéria de legislação, mas que quanto à melhoria da saúde fez muito pouco. Os problemas da saúde são demasiado importantes e não se deve brincar com aqueles que estão doentes ...

A Sr.ª Ercilia Talhadas (PCP): - É o que faz a AD!

O Orador: -..., que é o que o Sr. Deputado faz a maioria das vezes neste Parlamento.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Como o Sr. Deputado António Arnaut deseja responder já, faça o favor.

O Sr. Deputado não se apoquente, não se aflija, não se flagele, com os debates internas do Partido Socialista.

Em primeiro lugar, porque somos um grande partido democrático e até não temos actualmente as responsabilidades de estar no poder, o que significa que os nossos debates e as nossas questões não têm as mesmas repercussões que têm os vossos debates, as vossas quezílias, as vossas divergências, as vossas lutas, as vossas guerrilhas, porque são uma coligação que está no poder.

Vozes der PS: - Muito bem!

O Orador: - Quanto ao Partido Socialista, posso dizer-lhe que está de boa e perfeita saúde e que as divergências internas são perfeitamente secundárias porque o essencial nunca foi discutido. E o essencial é a fidelidade a um projecto de transformação social, a um projecto de socialismo democrático, a um projecto de emancipação do povo e das classes trabalhadoras.

Quanto à questão de saber se não sou pela greve dos médicos e se sou pela greve dos trabalhadores, quero dizer-lhe que faço distinção: há greves que se destinam a obter o pão de cada dia e há greves que se destinam a obter privilégios.

Aplausos do PS e da UEDS.

O Sr. Presidente: - Tem apalavra o Sr. Deputado Sousa Tavares.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Deputado António Arnaut, o anúncio de uma interpelação ao Governo sobre o problema da saúde é uma coisa com que muito folgo, porque teremos nessa altura tempo de debater largamente o problema da saúde e esvaziar, de uma vez para sempre, o seu balão demagógico.

Quero dizer-lhe ainda duas palavras sobre os aspectos políticos que aqui levantou.

Em primeiro lugar, não tenho nada a ver com o pensamento de fundo ou das bases, se as houver, que o Sr. Deputada António Arnaut atribui a este ou àquele partido.

A coligação que está no poder é uma coligação dominada pelo Partido Social-Democrata e o seu pensamento é social-democrata e de renovação da sociedade.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O Ministro Luís Barbosa, tal e qual como o Ministro Morais Leitão, integraram-se neste pensamento e foram Ministros dos Assuntos Sociais com dignidade, procurando criar um Serviço de Saúde digno desse nome.

Em segundo lugar, queria dizer-lhe, Sr. Deputado, que o anúncio permanente da queda do Governo parece integrar-se numa técnica de golpe de Estado que nada tem a ver com as ideias democráticas que diz professar.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O incitamento permanente à queda de um governo legítimo tem vindo sempre de um partido que não