menos ditatoriais do grande capitalismo da própria NATO, se os trabalhadores portugueses levantarem demasiado a cabeça em relação aos interesses dos americanos e da própria NATO.

Não podemos esquecer que os oficiais que são credenciados pela NATO são seleccionados de entre aqueles que dão mostras de espirito mais contra o 25 de Abril, dão mostras de maior reaccionarismo, dão mostras de maior direitismo. Isto é uma ameaça para as liberdades em Portugal, isto tem de ser dito, o nosso povo tem de perceber que, permanecendo na NATO e com o governo da AD, não está livre de cair numa ditadura mais ou menos violenta, mas que é uma ditadura.

E neste ponto apoio totalmente as palavras do Sr. Deputado Salgado Zenha quando diz que as ditaduras não se definem por serem militares ou civis, definem-se exactamente porque são ditaduras. E, no nosso país, o povo está a sentir o peso da repressão de uma forma que já não se lembrava desde o regime fascista. O nosso povo tem de levantar a cabeça e impor a sua vontade contra aquilo que está a ser feito contra os seus interesses, contra as suas liberdades.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Borges de Carvalho.

O Sr. Sousa Marques (PCP): - Isso é de morrer a rir!

O Orador: - Se o Sr. Deputado morrer de rir, o problema é seu. Talvez vá ao seu enterro, porque V. Ex.ª não é má pessoa, apesar de dizer essas enormidades.

O Sr. Sousa Marques (PCP): - Dá-me licença que o interrompa?

O Orador: - Não lhe dou licença de espécie nenhuma!

O Sr. Sousa Marques (PCP): - Sr. Deputado, só lhe queria dizer ...

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Sousa Marques só pode interromper o orador com autorização dele, como sabe.

O Sr. Sousa Marques (PCP): - Eu só fiz um aparte Sr. Presidente!

O Sr. Rogério Leão (CDS): - Um aparte malcriado!

O Sr. )Presidente: - Faça favor de continuar, Sr. Deputado Borges de Carvalho.

O Orador: - Para finalizar, apenas uma palavra de apoio às diligências desenvolvidas pelos nossos parlamentares no Conselho da Europa. Embora não conheça os trâmites que serão mais eficientes para atingir o fim que se pretende, damos o nosso apoio à moção que pedia aos governos dos países presentes no Conselho da Europa que fizessem diligências no sentido de o regime turco ser excluído daquele organismo. Em nome do meu grupo parlamentar, neste momento e aqui, faço essa diligência perante o Governo de Portugal.

Aplausos do PPM, do PSD e do CDS.

O Sr. Leonel Santa Rita (PSD): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado.

O Sr. Leonel Santa Rita (PSD): - Para pedir um esclarecimento ao Sr. Deputado Salgado Zenha.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado verá, mas isso está um bocado fora do esquema deste debate.

O Sr. Leonel Santa Rita (PSD): - Se não é possível pedir um esclarecimento, então farei um protesto, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça o favor de pedir o esclarecimento, Sr. Deputado.

O Sr. Leonel Santa Rita (PSD): - O Sr. Deputado Salgado Zenha falou em ditaduras. Não há dúvida que a palavra ditadura define todo um principio, mas a pergunta que queria fazer ao Sr. Deputado Salgado Zenha é se efectivamente conhece alguma ditadura civil que não tenha o seu suporte nos militares.

E para esclarecimento de que as ditaduras são gradativas, aconselhava-o a ler um opúsculo, editado em França, escrito pelo seu correlegionário Jorge Campinos e que também foi editado em Portugal depois do 25 de Abril.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Salgado Zenha deseja responder?

O Sr. Salgado Zenha (PS): - Desde o momento em que me foi feita uma pergunta, naturalmente que seria indelicado para o Sr. Deputado que eu não respondesse. Creia que é só por uma questão de cortesia que quero responder, Sr. Presidente.

0 Sr. Presidente: - Então, tem V. Ex.ª a palavra.