O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Sousa Tavares, tenho muita pena mas não lhe posso dar a palavra. Peço-lhe para compreender a dificuldade da Mesa, com toda a cordialidade e apreço que tenho por si ...

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Eu compreendo, mas não compreendo os privilégios do Partido Comunista, porque se eu exerci o direito de defesa e se depois foi dada a palavra ao Sr. Deputado Veiga de Oliveira - não sei a que título -, parece-me que à sombra dessa mesma figura me cabe a palavra ...

O Sr. Presidente: - Ó Sr. Deputado, não lhe dou a palavra. O Sr. Deputado impugnará a minha decisão mas não lhe dou a palavra ...

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, eu apenas ...

O Sr. Presidente: - Peço desculpa mas agora estou eu no uso da palavra.

Já o deixei usar da palavra ao abrigo da figura da "defesa da honra e dignidade pessoal" alargada ao seu jornal e fi-lo porque compreendo que tenha a sua honra profissional ligada ao seu comportamento no jornal que dirige.

Normalmente é dada a palavra ao deputado alvo de uma situação semelhante para concordar ou não, retirar o que disse ou não, mas voltar a pedir a palavra para explicar ...

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Ó Sr. Presidente, eu posso explicar para que é que queria a palavra. É que eu não compreendo porque é que o Sr. Presidente autorizou o Sr. Deputado Veiga de Oliveira a fazer um comentário ao meu direito de defesa, que foi exercido com a maior sobriedade.

Apenas queria contestar uma acusação que o Sr. Deputado Veiga de Oliveira me fez, que foi a de eu negar que existisse greve. Eu não nego que existe greve, e até afirmei que existe uma greve anunciada pelo PCP para derrubar o Governo. O Governo continua de pé, logo, para mim, a finalidade de greve falhou.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado já fez a sua declaração e eu embora já tenha terminado o período normal de antes da ordem do dia, e no seguimento da prática que tem sido sempre seguida nesta Casa - vou dar a palavra ao Sr. Deputado Borges de Carvalho para proferir uma declaração política.

Tem a palavra o Sr. Deputado Borges de Carvalho.

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - Vai pedir um canal de televisão para o rei!

O Sr. Borges de Carvalho (PPM): - Talvez, Sr. Deputado!

Sr. Presidente, Srs. Deputados: António de Oliveira Salazar, em 1957, quando alguns cidadãos portugueses, de acordo com os mecanismos constitucionais na época vigentes, propuseram como candidato a Presidência da República o Sr. General Humberto Delgado, respondeu-lhes, o tirano, que a mesma não era uma candidatura à Presidência da República, era um golpe de Estado. Da mesma forma hoje, instaurada

a democracia, em funcionamento as suas instituições, os novos candidatos a tiranos chamam a uma revisão constitucional, perfeitamente constitucional e perfeitamente legítima, um golpe de Estado.

Aplausos do PPM, do PSD e do CDS.

porque aqueles que a promovem assim o afirmam, dizendo que ela é contra o Governo. Pois se é uma greve política, se é uma greve para derrubar o Governo - que não cai na rua, porque em democracia os governos não caem na rua -, é de facto uma greve contra o regime democrático em Portugal.

Porque a condenação frontal desta atitude do PCP e da sua correia de transmissão sindical já foi aqui largamente denunciada por pessoas mais qualificadas do que eu ...

O Sr. Menezes Falcão (CDS): - Não apoiado!

O Orador: - ..., queria, com alguma simplicidade, trazer-lhes o testemunho pessoal da minha manhã de cidadão lisboeta.

Saí de casa eram 7 horas e 45 minutos, verifiquei que o trânsito era perfeitamente normal. A Carris e a Rodoviária Nacional funcionavam. Fui a 3 estabelecimentos escolares levar filhos meus e em todos eles professores e alunos se encontravam prontos a iniciar os seus trabalhos.

A seguir, fui à Venda Nova, Amadora - tida como feudo do PCP ...

O Sr. Amadeu dos Santos (PSD): - Nada, isso queriam eles!

O Orador: - ..., luminar da cintura vermelha de Lisboa -, ali verifiquei que, após a desactivação por influência pacífica dos trabalhadores dos cordões que durante a noite se formaram para os impedir de trabalhar, nos locais de trabalho se trabalhava mesmo e esses cordões estavam de facto reduzidos a alguns piquetes que já nem se atreviam a impedir ninguém de trabalhar. Posso dizer que em muitas das fábricas daquela zona o trabalho é, praticamente, a 100 %, apesar da grande influência do PCP.