da oposição não se tenha esperado nunca esse espírito construtivo de crítica.

Vozes do PS, da ASDI e da UEDS: - Não apoiado!

O Sr. Portugal da Silveira (PPM): - Apoiado!

O Orador: - Mas ainda bem que o PS requereu esta interpelação, porque é precisamente no Parlamento que estes problemas devem ser discutidos, já que ele é a expressão autêntica de toda uma movimentação democrática a que temos, necessariamente, que render as nossas homenagens.

Os problemas políticos não podem encontrar solução na rua. Quando se pretende aferir os comportamentos das instituições ou das pessoas que as representam, é precisamente no Parlamento que haveremos de encontrar, pelo diálogo, pela discussão - acesa ou serena -, os caminhos da censura (quando ela for passível e quando ela for correcta) àu também os apoios necessários à continuação de

uma governação sem dúvida sempre muito complexa, difícil, mas que tem sido determinada e ajustada à realidade do povo que somos.

O Sr. Portugal da Silveira (PPM): - Muito bem!

O Orador: - Ainda bem que o PS requereu esta interpelação. Só tenho pena que os distintos deputados do PS que fizeram a apresentação da interpelação se tivessem perdido um tanto em aspectos difusos, em generalidades e até (e porque não?) numa certa vacuidade. E embora o primeiro orador, o Sr. Deputado Salgado Zenha, seja sem dúvida um jurista excelente, mas cujas provas políticas têm ficado muito aquém daquele prestígio e bom nome que criou no mundo do foro ...

O Sr. Salgado Zenha (PS): - No seu critério!

O Orador: - ..., tenho que afirmar que o Sr. Deputado Salgado Zenha me desiludiu profundamente.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Não apoiado!

O Orador: - E apesar da riqueza de linguagem, aquela beleza literária a que nos acostumou desde há muito o Sr. Dr. Almeida Santos, que sabe revestir aquilo que diz com laivos de poesia, certo é que quando depois procurei meditar e espremer um pouco as afirmações que fez, confesso, me ficou a poesia de um conteúdo, a beleza de uma expressão, o recorte literário, mas o conteúdo político, que mais interessava para que nós pudéssemos encontrar aqui os carris necessários à discussão, como que desapareceu.

Ficou depois o lirismo do Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Olhe que não.

O Orador: - E que bem dito, sem dúvida!

Risos do PSD.

Mas o certo é que essas expressões por ópticas, tão bem representadas

por estes dois distintos depu

tados, um fazendo poesia e buscando citações que nem sempre vieram a propósito, mas que tiveram sem dúvida uma grande ...

O Sr. Manuel Alegre (PS): - São preconceitos. Já a Vítor Hugo diziam o mesmo!

O Orador: - Pois bem, depois, se houver tempo para tanto ou pelo menos em conversa de corredor, vou falar-lhe de Vítor Hugo.

Mas ..., como ia dizendo, dessa beleza de linguagem ficou-nos apenas a forma. E se o Parlamento fosse uma escola de bem dizer, então sim, por certo que os Srs. Deputados Almeida Santos e Manuel Alegre levar-nos-iam a palavra.

Mas aqui trata-se de problemas concretos, trata-se de política, que é a ciência do presente em busca dos projectos do futuro.

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - Boa definição!

presentemente, não o PS. Esta problemática grave em que estamos confrontados com duas opções que são fundamentais - porque delas depende a nossa maneira de estar, quer no relacionamento das pessoas com o Estado, quer do próprio Estado com os demais - não foi ainda aflorada, mas tenho esperança de que o PS vai ter a capacidade bastante para nos pôr pelo menos a estrada um tanto ou quanto a descoberto para que nós possamos dar a resposta conveniente.

Esta interpelação podia ter um significado (o significado que todo o povo português também espera) para clarificarmos situações, para sabermos qual é a possível alternativa que o PS tem apregoado e que ainda não foi capaz de esclarecer totalmente.

O Sr. Mário Soares (PS): - Não é isso que está em causa! A interpelação é ao Governo, não é ao PS!

O Orador: - Seria bom que o fizesse, e vamos portanto aproveitá-la. É um desafio que eu faço ao PS para que nos diga aqui quais são os seus propósitos, o que é que pretendem realizar nos parâmetros do desenvolvimento político em busca da solução dos problemas concretos, para sabermos depois se efecti-