ferências para o sector privado no ambulatório tomam 70% de todos os gastos do ambulatório.

E isto porque, por exemplo, mais de 80 % das radiografias onde se gastam

2 milhões de contos são do sector privado, mais de 80 % das análises são transferências para o sector privado num montante, em números redondos,

de 1 milhão de contos.

Como o Sr. Secretário de Estado disse que o corrente ano vai ser um ano de acção, gostaria que me apontasse as acções que vão ser desenvolvidas para reduzir gradualmente as transferências para o sector privado, uma vez que um Serviço Nacional de Saúde autêntico, como o Sr. Secretário de Estado referiu, pressupõe que as prestações de saúde sejam efectuadas pelos serviços públicos.

De resto, do que se trata afinal na política do Governo, se é que o Governo tem alguma, é de degradar ainda mais e de desmantelar o sector público da saúde.

Por outro lado, uma das causas dos grandes gastos na saúde é a não existência de uma rede de cuidados primários, onde os custos são muito mais reduzidos

e não há superlotação de médicos nos hospitais centrais. Como o Sr. Secretário de Estado sabe, os quadros dos hospitais centrais são de 2000 médicos e actualmente trabalham neles 8000, pagando ainda o Estado 2 milhões de contos de horas extraordinárias, com a agravante de se darem casos como aquele que aqui exponho. Recentemente tomei conhecimento, através de um documento oficial da Secretaria de Estado da Saúde, que é uma guia de transferência, de que um doente vai ao hospital de Viseu com o diagnóstico de dores abdominais e é transferido para o hospital central de Coimbra por falta de médico.

Já que 1982 é um ano de acção perguntaria que acções vai desenvolver o Governo para obviar a estas incongruências? Mas amanhã teremos oportunidade de voltar a falar sobre a saúde.

O Sr. Jorge Sampaio (PS): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Lemos.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - O Sr. Secretário de Estado da Saúde referiu no fim da sua intervenção que o Governo praticava uma política de verdade. Factos já trazidos hoje para este debate demonstraram que de facto a política de verdade do Governo é impingir aos Portugueses o que ele afirma ser verdade e calar as vozes que se lhe opõem.

Tivemos disso um exemplo no passado sábado quando impediram que fosse para o ar num programa radiofónico, "Praça Pública", uma entrevista com um dirigente da CGTP-Intersindical, precisamente por ainda não estar feita a manipulação completa em torno dos resultados dessa grande jornada de luta dos trabalhadores.

Risos do PSD e do CDS.

O Sr. Amadeu dos Santos (PSD): - Brincalhão!

O Orador: - Hoje os responsáveis por esse programa - que foram extremamente honestos e sinceros, limitando inclusivamente o tempo de duração do seu programa e informando o público de que não era devido a atitudes suas que a entrevista não ia

para o ar, mas sim por ordens superiores - acabam de ser informados de que o programa foi suspenso. Esta é, de facto, a política de verdade do Governo: a verdade da manipulação dos números, a verdade da manipulação das informações, o silenciar a voz de todos aqueles que se lhe opõem.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Está a ver-se ao espelho!

O Orador: - Mas não será por muito tempo, Srs. Membros do Governo, que continuarão a actuar desta maneira despudorada, pois irão para sítio que merecem, que é certamente o lugar de serem substituídos, de ser criado um governo democrático, de haver uma alternativa democrática neste país.

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Galhordas.

O Sr. António Galhordas (MDP/CDE): - Sr. Presidente, Srs. Deputadas: O meu partido tem já muito pouco tempo para intervir neste debate e vou ser muito rápido.

Sr. Secretário de Estado, estou espantado porque ouvi o seu discurso e as respostas que me deu com toda a atenção e basicamente ele foi idêntico ao que fez aqui quando da interpelação ao Governo sobre questões de saúde. Mas não me foi respondida uma questão.

Na altura dessa interpelação, o Ministro de então dizia que tudo isso ia ser feito com a medicina convencionada, o actual Ministro diz que tudo isso vai ser feito sem a medicina convencionada. Em que ficamos?

Não obtive resposta à pergunta que a isto dizia respeito.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Secretário de Estado.

istro Carlos Macedo, pois já no ano passado não foi aceite que a medicina convencionada servisse de base