Com algum espanto, apesar daquilo que se passou na passada sexta-feira, nestes últimos dois dias temos sido encharcados com discursos de conteúdo ideológico como já há algum tempo não ouvíamos.
Foi o Sr. Deputado Manuel Alegre que nos citou aqui o jovem Marx, foi o Sr. Deputado Jorge Sampaio que desenvolveu aqui toda uma longa teoria de uma ortodoxia exuberante e talvez inesperada e é agora V. Ex.ª que, mais uma vez, vem aqui invocar a política de classe deste Governo.
Assim, quero perguntar ao Sr. Deputado se entende que na passada sexta-feira mais de 85 % dos trabalhadores se enganaram na sua opção de classe.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Manuel Lopes, pretende responder já ou prefere responder no fim?
O Sr. Manuel Lopes (PCP): - No fim, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Alberto Xerez.
% e se se passar para o índice de crescimento médio dos salários dos trabalhadores rurais até ao fim de Novembro de 1981 verificar-se-á que o crescimento foi de 14,3 %.
0 Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Isto é que vai uma fartura!
O Orador: - Mas posso dar-lhe mais algumas informações.
Se se considerar a evolução do indicador médio dos pedidos de emprego até Outubro de 1981, constata-se que eles decresceram 13,2 % e se se considerar as ofertas de emprego para o mesmo período constata-se que elas aumentaram 6 %.
Ao contrário do que foi dito pelo Sr. Deputado Octávio Teixeira - que estava a haver uma evolução tendencial negativa na produção industrial posso referir que enquanto o índice médio registado no ano de 1980 relativamente à produção industrial foi de 189,4 % em 1981 foi de 190,6
Portanto, Sr. Deputado Manuel Lopes, a resposta às suas perguntas está aqui! Aquilo que o senhor disse foram meras inverdades pois a verdade dos números é evidente e a política e eis efeitos positivos do Governo da AD são evidentes. Aquilo que disse não é verdade.
Aplausos do CDS e do PSD.
Protestos do PCP.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.
se que assim seja. Pergunto, pois, a V. Ex.ª, se quando um país não tem liberdade, em democracia parlamentar, está bem ou está mal.
A Polónia, por exemplo, está melhor ou está pior do que nós?
Quando se tem liberdade está-se melhor ou pior?
É esta a questão que, concretamente, lhe ponho e a que deve responder porque é a questão política que W. Ex.as levantaram com a greve de 12 de Fevereiro.
Vou ainda referir-me a outra questão concreta, è espero que V. Ex.ª não considere abuso da minha parte entrar em seara alheia, pois sou um cidadão e assisto também aos acontecimentos.
O Secretariado, da CGTP começou por convocar uma greve de 12 horas. Das duas uma: ou o Secretariado da CGTP estava alheado das ansiedades de combatividade da generalidade dos trabalhadores portugueses ou então, para tão rapidamente ter passado de 12 para 24 horas, é porque foi sujeito à pressão das correntes esquerdistas que V. Ex.as, de forma táctica, tentam albergar.
Quem é que tinha razão? V. Ex.as ou as vossas correntes esquerdistas?
Devo confessar-lhe que quem tinha razão era o Secretariado da CGTP, pois teria sido preferível um fracasso de 12 horas do que de 24!
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Santa Rita Pires.