Estamos em interpelação. Continuem a interpelar no tempo que anda lhes resta. Se quiserem pôr a moção de censura, ponham-na. A Assembleia rejeitá-la-á, dando a confiança que o Governo merece.

É certo que o Governo não tem, conseguido fazer tudo quanto constava do seu programa, não melhorou tanto quanto a AD pretendia. Mas, Srs. Deputados, a política de hoje, nem sempre compreendida em crise por VV. Ex.as e mesmo por algumas faixas populacionais, poderá permitir superar dificuldades e propiciar o progresso do País no amanhã.

Assim o esperamos. A AD ganhou as eleições para poder governar 4 anos. Ainda faltam 3 anos. A ameaça de censura é demasiado antecipada. Não nos afecta. O Governo, com ou sem interpelação, com ou sem moção de censura, continuará. O povo, a seu tempo nos julgará.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Deputado Fernando Condesso, gostaria de lhe colocar uma pergunta para ver se fico esclarecido para sempre.

Esta crise é uma crise conjuntural e que esta prestes a resolver-se ou, tal como também tem sido dito por VV. Ex.as, é uma crise de fundo, que vem desde 1970 e 1973, uma crise internacional, uma crise que VV. Ex.as não conseguem resolver?

Começam a ser demais os disparates que se dizem nesta Casa.

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

Os Srs. Deputados da AD afirmam e reafirmam sistematicamente as mesmas mentiras. Ainda há pouco o CDS dizia que os indicadores eram de um certo crescimento, etc., que a economia vai crescer.

Mas pergunto: se ela crescer cresce para quem? Este é que é o problema que o povo coloca. Para quem é que ela cresce? Aumentam-se os preços dos Serviços Médico-Sociais, reduz-se a capacidade de o povo ter habitação, diminuem-se os salários, o custo de vida aumenta. A isto é que os senhores têm de responder. Para quem é que cresce a economia? Cresce para os ricos e diminui, cada vez mais, para os pobres.

É por isso que os senhores querem reduzir a oposição e a contestação ao Parlamento, uma vez que aqui podem proclamar as vossas mentiras à vontade. Lá fora, onde a oposição se levanta, tal como aconteceu no dia 12, os senhores não conseguem mentir. Está clara a situação cada vez pior dos trabalhadores.

Precisamente apor isso os senhores chamam insurreição à luta legítima dos trabalhadores. Mas, Srs. Deputados da AD, estejam descansados, porque não houve nenhuma insurreição no dia 12. Quando o povo se levantar e resolver fazer insurreição, os Srs. Deputados podem-no saber por um indicador: eu estarei com ele.

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Condesso.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Tardo o que vocês fazem é para as piorar!

O Orador: - ..., embora muitas vezes os nossos objectivos não sejam aqueles que pretendíamos.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Os ricos não têm dificuldades!

O Orador: - Quanto ao problema da insurreição, devo dizer-lhe que falei em tentativa de insurreição. Os comunicados da GNR e outras forças parece que, ao fim e ao cabo, referem isso. Eu não disse que havia uma insurreição. Nada mais tenho a acrescentar.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Mas em qualquer dia antes de 12 de Fevereiro houve atropelamentos, mortos, etc., sem haver insurreição!

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António; Vitorino.

O Sr. António Vitorino (UEDS): - Sr. Presidente, Sr. Deputados, Srs. Membros do Governo: Cabe-me encerrar o debate desta interpelação sobre política geral suscitada pelo PS em escassos cinco minutos, minutos de uma mera participação simbólica neste debate que a maioria entendeu dever outorgar aos partidos da oposição de natureza mais pequena.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Não apoiado!

O Orador: - Em nosso entender, neste debate e nesta interpelação a maioria da AD...

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Sr. Deputado, posso interrompê-lo?

O Orador: - É sempre um prazer ouvi-lo, Sr. Deputado Carlos Robalo, mas neste momento estou no uso da palavra e só lhe peço que a respeite.

Em nosso entender, desta interpelação sobre política geral ao Governo permitimo-nos extrair 3 conclusões fundamentais.

A primeira é a de que a maioria da AD esteve neste debate igual a si própria.

0 Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!