Gostaria de dizer, para que fique registado, que o PS, partido interpelante, tem precisamente o mesmo tempo que o Governo tem. Aliás, o tempo da maioria somado ao do Governo é inferior à totalidade do tempo da oposição.

Digo isto para que se reponha a verdade e para que o Sr. Deputado António Vitorino não diga, maldosamente, que foi a maioria que não lhe deu tempo. Se o Sr. Deputado tem de estar calado, deve-o ao consenso estabelecido na reunião dos presidentes dos grupos parlamentares. Inclusivamente, deve-o a deputados que representam o seu partido.

Vozes do CDS, do PSD e do PPM: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Cavaleiro Brandão.

o à convocatória para a criação de uma alternativa a este Governo. O Sr. Deputado respondeu afirmativamente à proposta de criação de um «bloco social de progresso» foi assim que o Sr. Deputado Jorge Sampaio qualificou a sua proposta.

Ora, isto tem 2 aspectos que vale a pena revelar.

Em primeiro lugar, o Sr. Deputado Jorge Sampaio já conta com um sólido e amplo apoio para arrancar com a sua proposta.

Em segundo lugar, a alternativa ainda não está constituída, ainda não existe, está em debate, está eventualmente em gestação.

Portanto, os frutos que se prometem não são particularmente arguciosos de grandes êxitos.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Vitorino.

O Sr. António Vitorino (UEDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Responderei muito rapidamente.

Gostaria de dizer ao Sr. Deputado Carlos Robalo que quando discutirmos aqui nesta Assembleia a proposta de alteração do Regimento apresentada pela AD verificaremos como é que a AD pretende tornar meramente simbólica a participação dos pequenos partidos nos debates parlamentares.

Quanto ao Sr. Deputado Cavaleiro Brandão, cuja habilidade em tentar tornear os problemas e em virar contra os oradores os seus próprios argumentos é já proverbial nesta Assembleia - é um elogio que lhe estou a fazer, reconheço. Simplesmente, devo dizer-lhe que o tiro desta vez saíu-1he pela culatra. E não faz jus ao brilhantismo com que nos tem habituado.

Aquilo que eu disse iro que respeita à formação de um bloco social de progresso não foi trazido pela primeira vez à cena política pelo Sr. Deputado Jorge Sampaio. Talvez no ano passado o Sr. Deputado estivesse distraído e não tivesse reparado

Aplausos da UEDS e do PS.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Lemos.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados. Srs. Membros do Governo: A política de manipulação e controle dos órgãos de comunicação social é uma característica central da actuação do governo AD, aqui interpelado.

Levando à prática a velha máxima de Goebels de que uma mentira muito repetida se transformará em verdade incontestável, o governo AD gizou e executou um plano de manipulação e mentira com o objectivo de tentar impedir que os Portugueses conhecessem em toda a sua dimensão a greve geral de 12 de Fevereiro.

Vozes do PSD: - Outra vez?

O Orador: - Sr. Presidente, quando houver condições continuarei.

O Sr. Presidente: - Agradeço a atenção da Câmara,

O Orador: - Como comprovam as gravações e a documentação que oportunamente serão apreciados pelos órgãos de fiscalização competentes, o plano governamental de manipulação compreendeu três fases:

Numa 1.ª fase, na semana que antecedeu a greve geral o Governo e os seus comissários criaram um clima de intimidação na rádio e na televisão, multiplicaram calúnias tendentes a atribuir propósitos insurreccionais a uma forma de luta dos trabalhadores legítima, legal e constitucional dos trabalhadores e deram voz a todos os que se, dispuseram a fazer o frete ao Governo, silenciando, ao mesmo tempo, as posições dos sindicatos que convocavam a greve.

Numa 2.ª fase, no próprio dia da greve, invadiram desde as primeiras horas da madrugada os microfones da rádio e mais tarde os écrans televisivos com comu-