nicados e comunicações de membros do Governo, tentando, fazer crer que a greve tinha Malhado, no próprio momento em que ela se estava a iniciar. Papagaios fura-greves repetiam constantemente na rádio os slogans dos autocolantes dos partidos da AD. De telefone em punho o MAI, assessorado pelo Secretário Alfaia, ditava às direcções de informação tia RDP o conteúdo dos noticiários e procurava criar a imagem de uma profunda desordem pública com óbvios objectivos de intimidação. Na RTP, Proença de Carvalho declarava o estado de sítio, transferia a emissão para a 5 de Outubro e, assustadiço, rodeava-se de uma aparatosa e redundante segurança policial. Nos écrans nem uma imagem da greve, nem uma imagem de uma que fosse das milhares de empresas que paralisaram no dia 12.

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

O rosto confiante dos trabalhadores em luta foi substituído nos televisores pela máscara agastada dos comissários governamentais. Para um festival de calúnias contra os trabalhadores e suas organizações a RTP convidou duas vedetas do anticomunismo mais primário que acederam a furar a greve da imprensa.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - lulas em breve a acusação virulenta, descambava em pura farsa. O desastre foi tal que o atrapalhado moderador proencista encerrou precipitadamente o programa.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Mas nem por isso pode subestimar-se a gravidade desta operação de intoxicação friamente premeditada e executada.

Numa 3.ª fase, desenvolvida nas 48 horas posteriores à greve, o Governo usou todos os meios para criar um verdadeiro black-out informativo no tocante às posições tios sindicatos promotores da greve.

Repetindo às saciedades comunicados governamentais de resposta às posições sindicais anteriormente silenciadas, a comunicação social teceu loas a uma alegada vitória governamental, martelando a opinião pública com a deturpação de dados relativos à adesão que a greve geral obteve. Nas câmaras da TV Ângelo Correia, com mise en scène e linguagem piresca, construía a caricata tese da inventona, logo desmentida pelos factos,

Vozes do Per: - Muito bem!

O Orador: - Continuamos a esperar que não tenha a cobardia política de invocar falsos pretextos e compromissos para não vir aqui retractar-se das infames mentiras que produziu, já que arranje tudo para mandar inquéritos pidescos às câmaras municipais exigindo ilegais relatórios sobre os trabalhadores autárquicos que aderiram à greve.

Aplausos do PCP, da UEDS, do MDP/CDE e de alguns deputados do PS.

De tudo isto há provas. Provas inclusivamente da censura que foi praticada. Os responsáveis pelo programa «Praça Pública», ontem mesmo suspenso, foram impedidos no passado sábado de transmitir uma entrevista com o dirigente sindical Kalidás Barreto.

O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Que vergonha!

O Orador: - Existe uma gravação, Srs. Deputados, que comprova cabalmente como foi operado este acto de censura. A gravação da notificação que dele foi feita à CGTP pelo Sr. Simões Ilharco, chefe de redacção da RDP, é digna da sinistra antologia da censura.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Srs. Deputados, tudo isto comprova a mentalidade fascista dos promotores desta operação e a longa batalha que todos os democratas devem travar em defesa da liberdade de expressão e informação no nosso país.

Aplausos do PCP, da UEDS, do MDP/CDE e da UDP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Portugal da Silveira.

Vozes do PCP: - E foi!

O Orador: - ..., quererá isto significar que os Srs. Deputados do PCP assumem as teses «goebelianas» e usam esses métodos?

Aplausos do PPM, do PSD e do CDS.

O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Se a greve foi um fracasso, por que é que se incomodam tanto?

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Sousa Tavares,

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Pretendo usar do direito de defesa, uma vez que fui atacado pessoalmente, aliás como é costume.

Faço notar à Mesa, até ,porque já ontem se levantou aqui um incidente, que os Srs. Deputados do PCP usam permanentemente - uma linguagem de ofensa e de ataque pessoal inadmissível nesta Câmara.

Vozes do PCP: - Olha quem fala!

O Orador: - É muito mais ofensivo as expressões que usam e as indirectas do que mandar à merda uma pessoa. Isso não ofende ninguém, pois é uma expressão à antiga portuguesa de uma pessoa que está aborrecida,