decisões erradas.

Sr. Secretário de Estado e Srs. Membros do Governo: Falámos de facto, na necessidade - de uma mudança de política. O Sr. Secretário de Estado talvez não tenha entendido. A nosso ver, não condenámos ninguém em definitivo mas quando lhe dissemos que era necessária uma mudança de política, significámos que era necessária, de facto, uma mudança de Governo, uma mudança de orientação política.

E o Sr. Secretário de Estado, porventura involuntariamente, deu-me razão porque referiu com os seus «se chover», «se o dólar não subir», «se a conjuntura for favorável», «se as exportações melhorarem», tudo podará ser diferente. Então, pergunto: o que está o Governo a fazer? Qual é o papel do Governo? Não vai ser o garante das heranças meteorológicas?!

De resto, o conhecimento que tenho da capacidade do Sr. Ministro das Finanças e do próprio Sr. Secretário de Estado, levam-me a pensar que essa vossa atitude voluntarista, de justificar e defender o Gov erno é legítima e é necessária, mas não convence. Devo dizer que tem de ficar claro, perante o País, que as responsabilidades da situação da crise actual, não podem ser enjeitadas e que o Governo não pode ignorar que as dificuldades que temos neste momento e as que vamos ter de enfrentar, proximamente, derivam essencialmente e em grande parte, não digo no todo, daquilo que foi a gestão económica do actuai Governo.

Aplausos do PS, da ASDI e da UEDS.

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - Queremos o Ângelo!

O Ângelo vem ou não vem?

O Sr. Presidente: - O Sr. Secretário de Estado do Planeamento pretende usar da palavra?

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - É para dizer que o Ângelo vem aí?

O Sr. Secretário de Estado do Planeamento: Sr. Presidente, gostava de saber se há mais alguma questão relativa à minha intervenção.

O Sr. Presidente: - Não, não há, Sr. Secretário de Estado.

O Sr. Secretário de Estado do Planeamento: Sr. Presidente, se estiver de acordo, talvez possa responder em termos brevíssimos.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para responder, Sr. Secretário de Estado.

que a política se faz em função de circunstâncias muito concretas.

Não estamos a gerir, obviamente, crises meteorológicas mas também não vivemos num país místico.

No país que temos, - a percentagem de população ocupada na agricultura é elevada. Temos uma parcela do produto originada na agricultura, significativamente elevada. Temos muitas exportações e muito abastecimento do mercado interno, feito a partir da agricultura. Não dispomos de recursos. energéticos próprios, praticamente para além dos hidroeléctricos, até porque os de urânio são ainda, digamos, uma perspectiva longínqua.

Por consequência, Sr. Deputado, não é possível estar a programar, a estruturar uma acção governativa que não tenha que se inserir, de uma forma profunda e arreigada, no tecido económico, nas condições ambientais e na conjuntura interna e externa. Não vivemos num país mitológico, vivemos num país real, onde temos problemas reais e as soluções para diferentes momentos são natural mente diferentes.

Diz o Sr. Deputado que o Governo perfilha o mesmo modelo que os anteriores. Penso que sim, em termos gerais, e aliás seria de esperar que assim fosse, uma vez que provem da mesma maioria e da mesma fonte de legitimidade.

Em todo o caso, não considero que isso seja um aspecto negativo, como parece sê-lo na sua boca, antes considero que corresponde a uma grande fidelidade, a uma estratégia de desenvolvimento, aberta e assente na dinâmica dos variados agentes económicos. Sem distinções, sem ideias preconcebidas, pretendemos criar uma democracia económica, uma sociedade aberta também, no plano económico. E penso que, efectivamente, nesse aspecto o Governo se situa no prolongamento dos anteriores

No que respeita à falta de políticas estruturais, o Sr. Deputado não vê nem uma. Gostava de saber