lançava sobre ela o debate público nacional, mostrando que o PS desconhece em absoluto a própria orgânica há meses divulgada nesta matéria.
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
Flagrante foi também Sr. Presidente e Srs. Deputados, o vazio da interpelação socialista no domínio da política externa. Não houve uma palavra sobre as negociações de adesão ao Mercado Comum, sabendo o PS, como sabe, os passos dados pelo Governo ...
O Sr. Manuel Alegre (PS): - Passo atrás!
O Orador.-..., a aceleração verificada nos últimos meses, a disponibilidade manifestada pelo executivo na audição dos partidos da oposição acerca desta questão que é de regime.
Não houve nenhum ataque global da política externa do Governo. Houve apenas uns remendos de ocasião sob a forma de insinuações vagas sobre a situação na Turquia e a adesão da Espanha à Aliança Atlântica.
Curta memória é a dos deputados socialistas, que se esquecem que foi o VI Governo quem, em Portugal pela primeira vez, criticou formalmente a situação vivida na Turquia em 12 de Setembro de 1980. Não vê o Governo a que presido razão política para alterar esse juízo frontal formulado há quase ano e meio.
O Sr. António Vitorino (UEDS): - Vá lá!
O Orador: - Desatenção enorme é a dos Deputados socialistas, que actuam como se ignorassem reiteradas as afirmações formais do Governo quanto às garantias, em seu tempo repetidamente exigidas, em relação às condições militares e político-militares importantes para Portugal no contexto da pretensão da Espanha quanto à sua adesão à Aliança Atlântica, pretensão que politicamente apoiamos, sem reservas.
Por aqui se ficou a interpelação socialista em matéria de política externa.
Mais escandaloso ainda foi o praticamente total silêncio das bancadas socialistas quanto à política económica e financeira do Governo. ,
O Sr. António, Arnaut (PS): - Fica para a moção!
O Orador: - Talvez seja a vossa estratégia. Então é porque afinal não atribuiu importância à interpelação.
No debate sobre o Orçamento para 1982 houvera, apesar de tudo, algumas discordâncias pontuais na terapêutica, apesar do acordo essencial no diagnóstico efectuado pelo Governo.
O Sr. Luís Felipe Madeira (PS): - Não é verdade!
ovo e fê-lo com o mínimo de convicção possível.
O Sr. António Arnaut (PS): - Não me diga!
O Orador: - Tirando o sector da saúde, acerca do qual foram repetidas fórmulas que os portugueses conhecem desde a frustrada passagem pelo Governo, em 1978, do Sr. Deputado e meu prezado amigo António Arnaut, sincero e esforçado cavaleiro andante da utopia messiânica da medicina a pataco, tudo o mais foi parcelar, apagado, diluído, desde o ensino ao trabalho, passando pelas considerações genéricas de conteúdo essencialmente teórico.
No sector do trabalho, principalmente, foi evidente a falta de espaço de manobra política e ideológica do PS, incapaz de apresentar propostas ou de manter fundamente críticas ao Governo e à sua base política e social de apoio, num momento em que a grande querela em Portugal se passa com outros protagonistas.
Seja-me permitido aqui um pequeno aparte: é que talvez obcecado pela ânsia dos calembours, um dos interpelantes iniciais do Partido Socialista revelou que nem sequer sabia em que dia reúne o Conselho de Ministros, o que, é grave para quem pretende acompanhar criticamente a actividade governamental.
Protestos do PS.
O Conselho de Ministros não reúne à quarta-feira, mas à quinta-feira. Quem reúne à quarta-feira é o Conselho da Revolução e quero crer que não se tratou de um acto falhado.
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
Acrescentarei, aliás, Sr. Deputado Almeida Santos, que a referência à Quarta-Feira de Cinzas em nada nos perturba. A Quarta-Feira de Cinzas é o início de um período de austeridade - a Quaresma -, a qual, como se sabe, se segue ao Carnaval. O Carnaval não fomos nós que o fizemos. A Quaresma conduz à ressurreição e é nisso que estamos empenhados em termos nacionais.
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Esta interpelação mostrou, assim, que o PS não possui um programa global, claro e coerente de alternativa ao governo da AD.
Mas revelou também que o próprio PS sabe que, neste momento, é tudo menos uma alternativa crível ao Governo em funções.