Antes de mais nada, devo dizer-lhe que quem falou em «habilidade» não fui eu, foi o Sr. Secretário de Estado. Na verdade, o Sr. Secretário de Estado vangloriou-se da habilidade da proposta de lei. Ora, eu limitei-me apenas a esclarecê-lo que nós não pretendemos que a Lei do Recenseamento Eleitoral seja o documento adequado para habilidades. Suponho que poderá haver opiniões divergentes, mas quem falou em «habilidade» foi o Sr. Secretário de Estado.

Quanto ao Sr. Deputado Fernando Costa, devo dizer-lhe que temos de nos entender sobre duas questões: a primeira é que esta Assembleia não é sítio para carnavaladas, embora V. Ex.ª venha ainda comi ar de folião.

Risos do PS, do PCP e da UEDS.

Eu não vim aqui para a folia, mas sim para discutir na especialidade a Lei do Recenseamento Eleitoral

Vozes do PS, do PCP e da UEDS: - Muito bem!

O Orador: - Se isto aqui é o resto do carnaval, se ainda estamos nas cinzas, eu gostaria de saber quem é que tem feito o papel de rei momo.

Vozes do PS, do PCP e da UEDS: - Muito bem!

questão, Sr. Deputado, tal como eu sempre disse.

Não é por acaso - já que aqui foi referida a ausência do Sr. Deputado Vital Moreira, que não tem nada de estranho - que seja V. Ex.ª, Sr. Deputado Fernando Costa, a fazer sozinho todo este debate por parte do PSD e não tenhamos a oportunidade de ver aqui os deputados do PSD pela Emigração defenderem a proposta de lei.

Aplausos do PS, do PCP. da ASDI e da UEDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Vitorino.

as e inequívocas do brocardo popular «pela boca morre o peixe».

Neste debate é claro que os problemas de consciência da maioria e do Governo são problemas que pela boca se exprimem claramente. O discurso do Sr. Deputado Fernando Costa é tipicamente o discurso que fez lembrar aquela canção do tostãozinho para o ceguinho, isto é, um discurso que pede um sorrizimho de conveniência das bancadas da oposição para esta lei. Ora, um pedido que é feito nestes termos, com tanta ingência e com tão má consciência, só nos pode merecer não um sorrizinho de conveniência, mas perdoe-me o Sr. Deputado Fernando Costa- uma gargalhada de desprezo.

Passo por cima do tom lamecha do Sr. Deputado, a sua intervenção foi uma intervenção de remendo, de Pilatos, mas um Pilatos que só lava a mão esquerda, deixando contudo por lavar a mão direita.

Risos da UEDS e do PS.

As propostas do PSD, que nós vamos votar na convicção de que são propostas como a daquele pianista que, dando uma fífia com a mão solista - a direita - pretende emendar o erro e fazê-lo passar despercebido com um acorde sonoro e tonitruante da mão esquerda. O facto de nós votarmos favoravelmente não significa que não digamos claramente que a fífia foi dada com a mão direita.

Risos da UEDS, do PS e do PCP.

O sentido na nossa acção neste debate, Sr. Presidente, Srs. Deputados, não é susceptível de interpretações dúbias, na medida em que demarcámos claramente as distâncias que nos separam desta lei quando da sua discussão na generalidade. Nessa discussão dissemos que em relação à apreciação desta proposta de lei colaboraríamos e criticaríamos.

Mas, se nós estivéssemos durante este debate constantemente e a propósito de cada artigo a recordar as divergências de fundo, a fazer processos de intenção sobre as intenções do Governo, «aqui d'el rei» diriam os Srs. Deputados da maioria. Diriam que nós éramos intolerantes e que éramos birrentos. Como nós nos assumimos das virtudes do diálogo democrático - quando há divergências sublinhámo-las e quando há discordâncias não nos sentimos nessa necessidade de crise de identidade de andar a fazer guerrilha institucional - «aqui d'el rei» que os