centivo total da produção de cereais. E a prová-lo está o facto de que, se olharmos para as nossas produções, veremos que temos uma produção que (não falando nestes anos negativos, mas falando em anos de melhor produção) não atinge os 1300 kg/ha, quando os nossos parceiros d~ Grécia têm produções próximas dos 3000 kg/ha, a Espanha tem produções na ordem dos 3200kg/ha, isto para não falar na França, com os 4800 kg/ha, ou nos países mais favorecidos climatericamente, como é o caso da Alemanha ou da Holanda, que têm produções já próximas dos 6000 kg/ha.

É que, no fundo, eles tiveram no seu país a sorte de não terem nem governantes nem políticos tão limitados como os que têm governado o nosso país e que têm visto sempre na iniciativa privada um mal da nossa economia. É que, efectivamente, foi pelo reconhecimento da iniciativa privada e das capacidades do empresário agrícola que se obtiveram essas produções, essa situação extremamente favorável em que eles se encont ram, o que não aconteceu connosco.

Na realidade, os números apontam a situação a que nos conduziu a boa gestão dos institutos e dos organismos de controle total do comércio de cereais por parte do Estado.

Aplausos do CDS, do PSD e do PPM.

O Sr. Rogério de Brito (PCP): - Sr. Presidente, peço a palavra para um protesto.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Rogério de Brito (PCP): - O Sr. Deputado José Manuel Casqueiro meteu os pés pelas mãos e acabou por não responder às questões concretas que lhe foram formuladas.

De qualquer modo, há aqui uns aspectos que convém esclarecer e que são os seguintes: quando o Sr. Deputado diz que a produção do nosso país foi asfixiada pela EPAC e refere, nomeadamente, o problema das sementes, isso é uma barbaridade. Nem sequer lhe vou contra-argumentar, vou apenas dizer-lhe que o problema do apuramento genético de sementes neste país, que deveria ser feito, não compete à EPAC, mas sim aos serviços do Estado, à investigação do Ministério da Agricultura e Pescas, e esse é que não o tem feito.

Também gostaria de lhe dizer que as baixas produtividades e as baixas produções do nosso país não têm nada a ver com a EPAC. Quanto ao reconhecimento da iniciativa privada, ó Sr. Deputado, os cinquenta anos de que a iniciativa privada dispôs para mostrar as suas capacidades são mais do que evide ntes. Era no Alentejo que se concentrava a esmagadora maioria da produção cerealífera.

Vozes do PCP: -Muito bem!

O Orador: - Ô Sr. Deputado, um mínimo de pudor não fica mal, quanto mais não seja para não passar pela vergonha de se ter de desmontar uma realidade concreta que é a incoerência permanente do Sr. Deputado, da CAP, etc., que nuns dias atacam o Sr. Ministro da Agricultura, do Comércio e Pescas, porque dizem que a agricultura fica subordinada ao comércio, aos industriais, etc., mas quando se trata da EPAC, já não reconhecem que a agricultura, nestas condições, vai ficar subordinada aos interesses dos grandes intermediários e dos grandes industriais; inclusivamente, vai ficar subordinada aos interesses dos mercados de bens alimentares.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Isso é uma questão de princípio, que não se coloca unicamente por questões de opção ideológica, mas sim por questões de coerência, e que há-de vir a ser exigida ou desmontada pelos agricultores deste país quando, efectivamente, reconhecerem que a CAP não é uma organização ao serviço dos agricultores, mas sim uma organização ao serviço dos grandes intermediários e dos grandes armazenistas.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Casqueiro para responder, se assim o desejar.

Aplausos do CDS.

O Sr. Aurélio Mendes (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra porque gostaria de dar uma resposta às perguntas que o Sr. Deputado Rogério de Brito me colocou directamente ou, se isso não for possível, interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente:- Sr. Deputado, se V. Ex.ª pretende fazer perguntas ao Sr. Deputado Rogério de Brito, ele não se encontra na Mesa e, por conseguinte, V. Ex.ª não soluciona o seu problema interpelando a Mesa.

Tem a palavra o Sr. Deputado António Campos.

O Sr. António Campos (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado José Manuel Casqueiro não respondeu às duas perguntas muito concretas que lhe coloquei.

Portanto, volto a repetir-lhe a primeira pergunta, que é a seguinte: gostaria de saber se V. Ex.ª está