am consciência do que se está a preparar para o País. A incapacidade governativa para resolver os problemas básicos está a arrastar Portugal para um impasse inevitável e a conduzir os Portugueses para posições de profundo desencorajamento ou, o que é ainda pior, de desespero, pondo assim em causa a própria estabilidade do regimento democrático, que é o bem mais precioso trazido pela Revolução de Abril; Encoraja os extremismo de sinal contrário e expõe o País ao perigo de novas aventuras.

Vozes do PS: - Muito bem!

Vozes do PS, da ASDI e da UEDS: - Muito bem!

O Orador:-Porém, rever a Constituição não significa, para o PS, alterá-la profundamente ou, muito menos ainda, fazer uma Constituição nova.

Vozes do PS, da ASDI e da UEDS: - Muito bem!

O Orador: - Até porque o PS é fiel ao espírito que animou os constituintes e em que esteve tão amplamente representado -que é o verdadeiro espírito progressista e generoso do 25 de Abril -, bem como aos compromissos assumidos publicamente, antes das últimas eleições legislativas, em matéria de revisão constitucional.

Para haver revisão constitucional -todos o sabem- é preciso encontrar-se um consenso entre, pelo menos, dois terços dos deputados desta Assembleia. Pacientemente, procurando imunizar-se contra as manobras e os falsos rumores, que dissimulam pressões inconfessáveis, o PS tem procurado contribuir para formação desses consensos necessários, no lugar próprio', que é a Comissão Eventual de Revisão Constitucional, sem discriminações relativamente a nenhum grupo parlamentar e na fidelidade aos compromissos que publicamente assumiu. Tudo o que se diga em contrário representa tão-só desconhecimento das realidades, falsidade intencional ou mera especulação.

O PS - repetimo-lo - está interessado em que a revisão constitucional se faça, em perfeita transparência democrática e com a rapidez possível, pois considera ser. esse o interesse nacional c a vontade largamente maioritária dos Portugueses. Pelas razões com os fundamentos e objectivos que oportunamente aduzi nesta Assembleia. A revisão far-se-á, estamos convictos disso. Mas o PS não é prisioneiro da revisão constitucional, também já o disse. Em nenhum sentido. Como a interpelação ao governo Balsemão e esta moção de censura servem, à sociedade, para demonstrar.

Preocupado com a consolidação do regime democrático, o PS tem tido sempre uma posição responsável, pondo, como lhe cumpre, as exigências nacionais acima dos interesses meramente partidários. Mas, até por isso, não pode nem deve poupar o governo Balsemão.

O Orador - Porque é uma exigência nacional mudar de política e mudar de governo. Para que Portugal possa caminhar e os Portugueses se reencontrem com a esperança.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Muito bem!

Aplausos do PS, da ASDI da UEDS e ao MDPI/ CDE.

Ë óbvio que os problemas não são nada faceia, em nenhum sentido. Para além das razões e das causas propriamente nacionais -de relevante importância, como vimos- estamos perante uma crise mundial, que afecta os modelos de desenvolvimento ensaiados tanto a ocidente como a leste. A Europa - aquela em que queremos integrar-nos c as outras, a do» países agrupados na EFTA, e a dos países de Leste - esta numa encruzilhada difícil e busca, contraditoriamente, um caminho novo. É a esse caminho novo que a esquerda, cuja identidade global sé busca, também, no nosso país, tem. o dever de estar atenta Para não repetir erros antigos, produto de dogmatismos e estereótipos ultrapassados, que só poderiam conduzir a novas derrotas e frustrações.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador - Num mundo em crise, numa Europa que começou apenas a tactear os caminhes do futuro, Portugal apresenta-se como um país sem bússola, fustigado pelas contradições de uma sociedade que já não é -nem pode voltar a ser- a do antigo regime, mas que não encontrou ainda a maneira de estar,