a crise do passado Verão as bancadas da maioria falaram tão mal e atacaram tão pessoalmente o Primeiro-Ministro.
Vozes do PSD: - É falso!
O Orador. - Um deputado que aqui se senta chamou ao Primeiro-Ministro homem sem carácter.
Pergunto-lhe: o povo português merece ter, em qualquer das hipóteses, uma maioria que assim qualifica o seu líder, ou um Primeiro-Ministro que é assim qualificado pela sua maioria?
O Sr. António Arnaut (PS): - Muito bem!
O Orador. - Em segundo lugar, gostaria de sublinhar que um grande político francês, ao verificar que os seus apoiantes o bajulavam, em face dele, de forma intolerável, teve o seguinte comentário: «os senhores não têm altura para se diminuir tanto».
Risos do PS.
Isso é o que me faz reflectir sobre alguns discursos que aqui tenho ouvido.
O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o entender, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Raposo.
pontual, é superável.
Entretanto, há um aspecto que o Sr. Deputado José Luís Nunes certamente não poderá pôr em causa em relação a mim: é que tomei em toda a minha vida e no momento próprio as atitudes que entendi dever tomar. E não estou aqui a bajular o Sr. Primeiro-Ministro, porque, felizmente, ao contrário do que poderá ter acontecido, não digo com o Sr. Deputado José Luís Nunes, mas com alguns camaradas seus, nunca no meu partido é necessário bajular o seu presidente e Primeiro-Ministro para conseguir alguma coisa. Aliás, eu, nem preciso de conseguir alguma benesse ou favor do Sr. Primeiro-Ministro.
Limito-me a estar aqui em representação do povo que me elegeu, e o Sr. Deputado José Luís Nunes, que me conhece há anos suficientes para poder fazer
um juízo acerca de mim, não tem o direito de falar em «bajulação» quando me refiro, seja em que termos for, ao Primeiro-Ministro do meu país.
Aplausos do PSD e do CDS.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Nunes.
O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ficámos a saber que o facto de a maioria, que apoia um governo, dizer que o seu Primeiro-Ministro é um homem sem carácter é um princípio de discussão democrática.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Sousa Tavares, para que efeito deseja usar da palavra?
O Sr. Sousa Tavares (PSD):-Para protestar, em nome do meu partido.
O Sr. Presidente: -Faça favor.
O Sr. Sousa Tavares (PSD?:-Sr. Deputado José Luís Nunes, julgo que é muito desagradável trazer a polémica para campos como este.
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador. -Não me meto nas tricas do Partido Socialista e gostaria que o Sr. Deputado José Lufe Nunes tivesse o mesmo respeito.
Vozes do PSD:- Muito bem!
O Orador: - Se algum deputado ou se algum membro do meu partido se excedeu alguma vez em relação à pessoa do Primeiro-Ministro, pode ter a certeza de que também no Partido Socialista muitas pessoas se excederam, e muitas vezes injustamente, em relação ao líder Mário Soares.
O Sr. Vítor Constando (PS): - Não apoiado!
O Orador: - Portanto, saibamo-nos respeitar uns aos outros e não entremos nestas tricas internas dos partidos.
Aplausos do PSD e do CDS.
O Sr. Presidente: -Para formular pedidos de esclarecimento tem a palavra o Sr. Deputado Jaime Gama.
O Sr. Jaime Gama (PS): - Ouvimos esta manhã o Sr. Primeiro-Ministro ler aqui uma intervenção em que realçou como facto essencialmente positivo da acção governativa a política de educação. E, referindo-se à política geral do País, tevê apenas por resultado efectivo salientar e sublinhar que os Portugueses viveram bem nos anos de governação PS, apesar do PS - conforme salientou -, mas que os Portugueses vivem mal nos anos de governação AD, apesar da AD e apesar dos méritos do Governo e do Primeiro-Ministro.
Como o Sr. Deputado Mário Raposo é um espírito liberal, crítico e não subserviente e como em relação à própria AD, ao Primeiro-Ministro e aos