Segundo aspecto, eventualmente mais grave, porque chocante: acusa-me o Sr. Deputado, e ao Governo, de ter colocado os amigos e saneado os adversários políticos.

Sr. Deputado, isso é mentira! O Sr. Deputado não apresenta um caso - e isso é a honorabilidade, não apenas do Governo, mas do homem, que está em jogo - em que isso tenha acontecido.

Nunca na minha vida de governante o fiz! Nunca perguntei a cor política a nenhum colaborador meu! E não é o Sr. Deputado, que nenhum exemplo pode dar disso, que o pode vir aqui afirmar.

Vozes do PSD, do CDS e do PPM: - Muito bem!

O Orador: - Os funcionários do Ministério sabem que isso é verdade!

Sr. Deputado; saiba que isso talvez fosse aquilo que na sua intervenção, frouxa no conteúdo e vazia, como muito daquilo que ultimamente o Sr. Deputado tem dito o é, mais me chocou. Estar em discordância com uma política é perfeitamente normal - o Sr. Deputado está na oposição e eu estou no Governo, o Sr. Deputado é socialista e eu não sou -, agora dizer-me que fiz saneamento dentro do Ministério é qualquer coisa de inadmissível, que tenho de rejeitar categoricamente.

Nem por serem socialistas ou da Aliança Democrática são beneficiados; o modelo é o da competência e o da eficácia, e, se, por serem socialistas, não prestarem, serão mudados. Não pense que á sua intervenção me coíbe nesse domínio, porque não coíbe.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador - Mas, se o não forem, também terão idêntico procedimento.

É assim que encaro a governação, posta ao serviço não de uma coligação, mas ao serviço do País, e enquanto estiver no Governo serão estes os princípios que pautarão a minha acção política. Para isso tenho o apoio da maioria e a sua solidariedade, que nunca me faltou na execução da minha política.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Lopes Cardoso inscreveu-se para pedir esclarecimentos ao Sr. Ministro?

O Sr. Ministro da Agricultura, Comércio e Pescas: - Sr. Deputado Lopes Cardoso, tenho muito gosto em responder à sua questão.

Uma intervenção minha dependerá da evolução do debate. Já me dirigi cinco vezes à Câmara em intervenções de fundo.

udos e em que critérios assentam.

O Sr. Presidente: - Também para formular esclarecimentos ao Sr. Ministro da Agricultura, Comércio e Pescas, tem a palavra o Sr. Deputado António Campos.

O Sr. António Campos (PS): - Sr. Ministro, vou colocar-lhe 4 perguntas género «telegrama», dado que não disponho de tempo.

A primeira é a seguinte: quantos técnicos foram tirados dos concelhos para as sedes das direcções regionais colocadas no tempo dos governos socialistas? Foram muitos!

O Sr. António Moniz (PPM): - Alguns eram incompetentes!

O Orador: - Segunda pergunta: relativamente ao critério de distribuição de terras que anunciou, eu referi-me a 1028 casos. A quantos desses casos é que foi aplicado o critério que anunciou?

Terceira pergunta: o Sr. Ministro diz que não coloca amigos no seu ministério. Ora, eu digo-lhe que nenhum director-geral ou director regional dos tempos passados ocupa hoje esses cargos, porque foram demitidos pela Aliança Democrática. Refira-me, pois, Sr. Ministro, um único que se mantenha.

A quarta pergunta refere-se aos subsídios de gasóleo. Trouxe para aqui esta questão porque era aqui que os subsídios de gasóleo se iam discutir, apesar de ter tido a amabilidade de lhe ter telefonado antes.

Mas foquei aqui outro problema importante: há funcionários que têm inquéritos às costas por desconfiarem deles no sentido de que- dão informações.

Qual a acção do Sr. Ministro em relação às terras abandonadas? O decreto-lei do Governo é igual à afirmação que o Sr. Ministro aqui fez?

O Sr. Presidente: - Para responder tem a palavra o Sr. Ministro.