mas é o elogio aberto ou velado das soluções autoritárias, do intervencionismo presidencial e da democracia musculada.
Os que hoje pensam que se encontraria solução milagrosa para os problemas do País na entronização de um novo homem providencial e no recurso ao expediente dos plenos poderes fariam bem em meditar na história - e não terão que ir muito longe, bastar-lhes-á reflectir no que sucedeu entre Abril e Setembro de 1974 em Portugal: também o general Spínola foi saudado como libertador e apoiado como democrata, mas por detrás dele e mais forte do que ele estava o Partido Comunista, e o 28 de Setembro abriu caminho ao 11 de Março.
Vozes do PSD, do CDS e do PPM: - Muito bem!
O Sr. António Arnaut (PS): - Essa agora!
O Orador: - Não esquecemos os privilégios atribuídos ao sector público, em detrimento da iniciativa privada. Não esquecemos a lentidão exasperante das negociações de adesão com a CEE, que nos fez perder nessa altura o avanço que inicialmente detínhamos em relação à Espanha. Não esquecemos a ausência de uma política de família, a falta de uma política de qualidade de vida, a incapacidade absoluta de proceder à regionalização. Não esquecemos o crescimento descontrolado do funcionalismo público e da burocracia estatal. Não esquecemos a quase totalidade dos órgãos de comunicação social estatizados sob a presidência de militantes e, mesmo, de dirigentes do PS. E não esquecemos, por último, a terrível imagem de um partido agarrado ao Poder e pretendendo manter um governo- cujo contrato de base tinha cessado.
A memória de 1976-1977-1978 não é, portanto, favorável às actuais pretensões do PS. Vejamos, porém, se ao menos o PS aproveitou bem estes 2 anos de oposição, em qu e nenhumas responsabilidades lhe foram pedidas quanto à condução dos negócios públicos. Será que o PS os utilizou como cura de recuperação?
A verdade nua e crua está à vista: durante estes 2 anos o Partido Socialista nada fez. Não modificou a sua imagem, não actualizou o seu programa, não refez a sua unidade interna, não clarificou a sua estratégia, não constituiu um governo sombra, não publicou qualquer documento relevante de política sectorial e não foi sequer capaz de se pôr de acordo quanto à questão de saber se a FRS foi ou não um mau, negócio.
O Sr. Pedro Santana Lopes (PSD): - Muito bem!
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
Vejamos, porém, onde estão as alternativas do PS. Será na política externa? Sabemos que não, pois, apesar de algumas divergências, os socialistas portugueses aceitam a presença de Portugal na NATO, a nossa adesão à CEE, a cooperação e amizade com os novos países africanos de língua portuguesa, a abertura ao mundo árabe.
Será então na política interna? Também sabemos que não, pois, apesar de todas as diferenças que noutras áreas nos separam, os socialistas perfilham uma concepção ortodoxa da democracia, política, que é património comum dos países ocidentais.
Deste modo, é decerto no plano da política económica e social que o Partido Socialista se pretende assumir como alternativa mais diferenciada em relação à AD. Mas aqui, atenção: sendo este o domínio dos números, temos de comparar estatísticas, porque da nossa parte queremos desde já dizer ao PS que não aceitamos críticas de quem pretenda ser bom, mas apenas de quem tenha feito melhor. E não é o vosso caso , como vamos ver.
O Sr. António Lacerda (PSD): - Muito bem!
2) Aumento do salário médio: enquanto com a AD este aumento foi de 22% em 1980 e se estima em 21% para 1981, com o PS o aumento foi de 18,7% em 1976 e apenas de 15,3 % em 1977. Conclusão: com a AD