se comportava às vezes como se fosse o último. Tenho hoje que afirmar que o Sr. Vice-Primeiro-Ministro se comporta como se fosse o primeiro.

Uma voz do PSD: - Já são 6 ou 7 vezes! Que falta de imaginação!

Vezes do PS: - Muito bem!

sociedade portuguesa, o que, desde logo, deixa sem sentido a cifra que referiu em matéria de desemprego.

Recebemos os hotéis cheios de retornados, porque o turismo não existia, estava no zero. Recebemos os emigrantes no maior grau da sua desconfiança, porque não mandavam ou mandavam as suas remessas de aforro em quantidades irrisórias. Recebemos, como sabe, uma taxa de inflação, que só no fim do ano em que deixámos o Governo pôde baixar 2 pontos.

Nós, sim, podemos falar em sinal de inversão de crise, não este governo, que a reforçou e a agravou.

Aplausos do PS.

Várias vezes foi assinalada a circunstância, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, de, quando o primeiro governo AD tomou conta do Poder, ter encontrado um défice da balança exterior quase equilibrado, ter encontrado um aumento das exportações e uma diminuição das importações, ter encontrado menos 2 pontos na taxa da inflação relativamente taxa anterior, ter encontrado razoável taxa de crescimento do produto interno bruto e ter encontrado remessas record dos emigrantes e turismo record, também em matéria de receitas.

Isto são factos, Sr. Vice-Primeiro-Ministro. Agradecia-lhe que os desmentisse com números e com factos também, se fosse capaz disso.

Vem dizer-nos que o Governo tem mil projectos em carteira, alguns dos quais o Sr. Vice-Primeiro-Ministro sabe que, na verdade, não passam de promessas neste momento, como sejam o Código Administrativo e o Código Comercial. O único código que me parece estar pronto, porque já estava no nosso tempo, é o Prof. Eduardo Correia, facto que o Sr. Vice-Primeiro-Ministro talvez se tenha esquecido de assinalar também. Não é deste governo, é dele. Limitaram-se, provavelmente, a fazer uma leitura. Estão a demorar muito tempo a fazê-la.

Por outro lado, quero ainda dizer ao Sr. Vice-Primeiro-Ministro que não somos nós que não sabemos distinguir desconcentração e descentralização, é a AD.

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro deve ter consciência de que, provavelmente por inspiração sua, ou então terei que admitir que, à, revelia da sua leitura cuidadosa, no artigo 6.° da Constituição a AD propôs que onde se diz hoje «descentralização administratrativa» se passe a dizer «desconcentração da Administração Pública».

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: - Não é assim, Sr. Deputado.

O Orador: - Desculpe, está lá, Sr. Vice-Primeiro-Ministro. Poderemos compulsar, mas está lá. Peço desculpa, mas está, pois tenho lido isso muitas vezes.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Está no projecto!

O Orador: - O Sr. Vice-Primeiro-Ministro também sabe que a desconcentração é melhor, apesar de tudo, do que a centralização do Poder. No entanto, quem não quer descentralizar desconcentra. Assim o dizem os seus colegas tratadistas do direito administrativo e de direito político, a tal ponto que há até um Barreau, como sabe, que tem uma frase curiosíssima, que acho maravilhosa, a qual diz que a desconcentração é igual à concentração - o martelo é o mesmo, só que o cabo é mais curto.

Sr. Vice-Primeiro-Ministro, não fale, porque já é tarde e creio que já se passaram coisas suficientes para o não autorizar a fazê-lo, no nosso marxismo.

Passámos 48 anos a ser acusados de comunistas. Passarmos agora a ser acusados pelo Sr. Vice-Primeiro-Ministro de marxismo não é, na verdade, correcto, sobretudo enquanto o Sr. Vice-Primeiro-Ministro se não empenhar em pedir ao partido seu colega de coligação que tire também o socialismo que trinta e tal vezes tem no seu programa.

Em suma, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, tudo isto para lhe perguntar quando é que o Governo reconhece, minimamente, que não é verdade que tudo esteja bem, que não tem justificação a vossa auto-satisfação e a vossa auto-suficiência, que quem tem razão são os trabalhadores quando se queixam, os estudantes e a juventude quando se queixam de não ter emprego, o povo, em suma; quando se prepara