Neste debate da moção de censura, já o dissemos, ecoa o descontentamento popular relativo ao VIII Governo. A seu modo específico, cada uma das seis forças políticas da oposição, representando diferentes áreas da opinião portuguesa, condenou a política governamental e exprimiu a necessidade de uma mudança. O PS enalteceu a coragem dos que propõem «uma mudança de política e de governo, quanto mais cedo melhor», o PCP afirmou ser «obrigação de todos os democratas exigir a imediata demissão do Governo»; de modo próprio, mas não discordante, se pronunciaram a ASDI, UEDS e UDP; pela nossa parte, afirmamos a convicção do MDP/CDE de que «a mais forte aspiração da maioria dos portugueses é a urgente demissão do Governo».

Vozes do MDP/CDE e do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Com coerência vamos votar a favor da moção de censura. Com confiança participámos neste debate, com a certeza de que ao fim dó dia de hoje estará mais forte o movimento de oposição à continuidade da governação da AD. A derrota da moção de censura deixará a maioria parlamentar mais comprometida com a mediocridade do seu governo, mais responsável pela destruição do potencial renovador de Portugal.

Vozes do CDS: - Chega!

O Orador: - Mas prosseguirá nesta Assembleia, estamos certos, e fora dela. a luta democrática por um governo e uma política que reúne, com a confiança dos Portugueses, o ideal libertador de Abril.

Aplausos do MDP/CDE, do PS, do PCP, da ASDI e da UEDS.

Entretanto, reassumiu a presidência o Sr. Presidente Oliveira Dias.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, neste momento não há inscrições na Mesa. Sendo assim, temos de dar por encerrado o debate.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado,

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Vendo o tempo que os partidos tem, penso que todos se estão a reservar para o último momento.

O Sr. Vítor Constâncio (PS): - Nós não temos!

O Orador: - Sr. Deputado, se não têm não estou a atingir a si. De qualquer modo, muito obrigado pela informação.

Sugeria à Mesa um processo para resolver. este problema. Como tem havido uma norma neste sentido - poderia até invocar o Regimento, não me recordo o número do artigo mas com certeza, o Sr. Deputado Veiga de Oliveira sabe qual é, faria

a seguinte sugestão: como o MDP/CDE tem 7 minutos - já os não deve ter depois da intervenção do Sr. Deputado Herberto Goulart -, como a UEDS tem 9 minutos, ...

O Sr Narana Coissoró (CDS): - É para ler a biografia do Sr. Primeiro-Ministro.

O Orador: - ...como o PPM tem 19 minutos, como q PCP tem 22 minutos, como o CDS tem 23 minutos,, penso que do Governo já «interviu» o Sr. Ministro do Trabalho.

Vozes do PS: - Interveio.

O Orador: - Não?

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Não estava cá?

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Naturalmente que é agradável ver que as bancadas voltaram bem dispostas dos jantares.

Naturalmente que, eu até tenho autoridade para dizer que hoje, por força das circunstâncias, me atrasei um bocadinho. No entanto, poderei perguntar a qualquer dos Srs. Deputados qual é o que cumpre mais os horários nesta Casa e qual é aquele que mais vexes está sentado nas bancadas.

Vozes do PS e do PCP: - Oh, Sr. Deputado!

O Orador: - Talvez não sejam os Srs. Deputados que estão a. rir aqueles que possam rir melhor ... mas enfim.

Sr. Presidente, ía sugerir o seguinte para ultrapassar, impasse que se fizessem intervenções por ordem crescente de representatividade pai lamentar e que se seguisse a lógica de no fim de falarem os partidos voltar a falar o Governo, tendo em conta que ainda agora fez uma intervenção.

Era uma sugestão que fazia ao Sr. Presidente e aos grupos parlamentares.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, Srs.. Deputados: Não posso de maneira nenhuma lamento muito em aceitar a sugestão do Sr. Deputado Carlos Robalo, visto que até decisão em contrário somos nós que administramos o nosso tempo. Não faremos nenhuma intervenção, interviremos através de pedidos de esclarecimento, ou de qualquer outra forma regimental, se houver oportunidade para isso, mas se as intervenções por parte do Governo e da bancada da maioria continuarem tão «mornas», permaneceremos calados - creio que ainda conservamos esse direito.