trabalho. E os senhores têm o mundo do trabalho contra vós!

Aplausos do PS e da UEDS.

Protestos do PSD e do CDS.

Vozes do PSD: - Qual?

O Orador: -... o projecto da esquerda e do centro-esquerda e o projecto da direita, o projecto da direita e do centro-direita.

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

Tenham calma, Srs. Deputados!

Vimos aqui ontem esta alternativa entre dois projectos, foi perfeitamente compreendida e daí a importância do discurso e vale a pena demorarmo-nos sobre ele, não porque concordemos com ele, mas porque tem alguma substância, pelo que vale a pena ser criticado e analisado por esta Assembleia do Sr. Vice-Primeiro-Ministro, Freitas do Amaral.

E, quando o Sr. Vice-Primeiro-Ministro se assumiu - porque se assumiu, e não vai nisto nenhum desejo de dividir a Aliança Democrática porque não temos nenhum interesse nisso, ...

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

... antes pelo contrário, ao contrário do que muitos julgam como o verdadeiro líder da oposição,...

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

Da oposição ao Governo em certa medida, que foi e os senhores sentiram-no!

Aplausos do PS e da UEDS.

Dizia eu que o Sr. Vice-Primeiro-Ministro oscilou e apresentou aqui um projecto, que é um projecto conservador, que é um projecto que se situa entre Giscard d'Estaing, a Sr.ª Thatcher e o Sr. Strauss.

Essa é a oscilação.

Aliás, era interessante que o Sr. Ministro das Finanças e do Plano, que aqui trouxe o exemplo do caso francês, pudesse dizer-nos alguma coisa sobre o exemplo e a utilidade do modelo inglês da Sr. Thatcher em matéria económica porque é muito mais parecido com o que ele está a aplicar, e era desse que ele nos devia falar e não falou.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Mas, dizia eu, quando existem estes dois projectos alternativos claros porque ficaram aqui claros -, compreende-se, em primeiro lugar, o desconforto do Sr. Primeiro-Ministro e, em segundo lugar, o desconforto do seu próprio partido. Isto, porque um partido que se reclama da social-democracia, ...

Vozes do PSD: - E é!

O Orador: - ... quando tem de optar entre o socialismo democrático e o conservadorismo mais ortodoxo e opta pelo conservadorismo mais ortodoxo, não pode deixar de se encontrar num profundo e absoluto desconforto e moral.

Aplausos do PS.

Daí que a todo o preço se pretenda fustigar o Partido Socialista e o socialismo democrático que nós represe atamos.

E naturalmente que a maneira mais fácil de o fazer é caricaturar o modelo de que somos portadores. E a maneira conhecida de o fazer é inventar o colectivismo, é inventar o marxismo do Partido Socialista.

Vozes do CDS: - Ah!...

Vozes do PSD: - Não!

O Orador: - Então, meus senhores, é porque não conhecem os programas dos partidos sociais-democratas europeus. E compreende-se, porque nunca estiveram na Internacional Socialista!

Protestos do PSD, do CDS e do PPM, que, por sua vez, originam protestos do PS e da UEDS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, queria pedir à Câmara que se mantivesse com a serenidade necessária para que o Sr. Deputado Mário Soares se possa exprimir de forma a ser ouvido por todos.

Faz favor de continuar, Sr. Deputado.

O Orador: - Se os membros do Governo e alguns deputados da oposição, por razões de animação do debate, podem esquecer o que é o Partido Socialista e o que de representa na sociedade portuguesa, posso dizer-lhes que o povo português não esquece 1975.

Vozes do PSD: - É verdade!

O Orador: - E ouvimo-lo aqui anda há pouco tempo. O povo português também não esquece a acção do Partido Socialista em 1976 e em 1977, institucionalizando uma democracia política em Portugal e pondo em funcionamento o nosso sistema, clarificando as regras da nossa economia.

E o povo português não esquece que fomos nós que estabelecemos, através de várias leis aqui aprovadas - não obstante sermos minoritários -, a coexistência concorrencial entre os vários sectores económicos o sector privado, o sector público, o