para, em conjunto, podermos resolver a crise. É isto que este governo não é capaz de fazer.

Depois desta moção de censura, nós podemos dizer que este governo não tem autoridade para fazer face às dificuldades do País.

Aplausos do PS, da ASDI e da UEDS.

Perguntou o Sr. Primeiro-Ministro, no seu discurso inicial, se o PS pensava que poderia vir outro governo no quadro da Aliança Democrática. Dir-lhe-ei que isso não é um problema do Partido Socialista, mas um problema da maioria. Nós não acreditamos no projecto da AD. Quem tem, portanto, que saber se deve ou não vir outro governo, se é adequado para a sobrevivência da coligação arranjar ou não outro governo, é a maioria. Deixaremos esse problema à maioria.

Vozes do PSD: - Ainda bem!

O Orador: - Neste debate verificou-se uma grande dicotomia. Por um lado, o facto de termos formulado perguntas concretas, termos feito afirmações concretíssimas, termos mesmo feito acusações graves a este governo e, por outro, o facto de haver em relação & esses pontos um silêncio total da parte do Governo e da parte das bancadas da maioria.

Vozes do CDS: - É falso!

O Orador: - A única resposta que obtivemos foi pela parte do Sr. Ministro das Finanças e do Plano. Lamento que cie não tivesse aproveitado o tempo do Governo para intervir aqui no início desta tarde, por exemplo, ou na manhã de hoje, para podermos discutir e para ouvirmos durante mais tempo e mais ponderadamente sobre as questões que tinha para nos dizer, e tivesse aproveitado só os últimos 20 minutos para fazer aqui o discurso que fez, que evidentemente nos mereceu respeito e atenção porque foi feito em moldes de podermos perceber o que é que ele tinha para nos dizer, e não de fazer aqui ataques ou defesas que são totalmente descabidos num debate deste tipo.

Contudo, o Sr. Ministro das Finanças e do Plano não respondeu a uma pergunta fundamental e que era aquela que queríamos ouvir. Perguntamos-lhe o seguinte: desde 1980 até 1982, dado o estado em que a AD encontrou o País, quais foram os resultados positivos para o País da sua acção? Isto em todos os domínios: no domínio da agricultura, da indústria, do nível de vida das populações, do trabalho, etc., etc.

Era a esta pergunta simples que era preciso dar resposta e ninguém neste governo deu.

O Sr. José Alberto Xerez (CDS): - Deu, deu!

O Orador: - Pelo contrário, disseram que iam fazer diplomas, que tinham intenção de vir a proceder desta e daquela maneira e até nos revelaram certas lucubrações ou discussões em Conselho de Ministros, que normalmente não vêm cá para fora.

Mas qual é a diferença que vai entre as intenções, e mesmo a legislação, e o resultados? Esse é que era o problema que queríamos ver discutido nesta sala; esse é que era o problema que interessava, sem demagogia, ao povo português e não foi minimamente esclarecido.

O Sr. Herberto Goulart (MDP/CDE): - Muito bem!

Unia voz do PSD: - Não estava cá!

O Sr. Eduardo Pereira (PS): - Esteve cá sempre!

O Sr. José Niza (PS): - Muito bem!

O Orador: - ... - o que é um pouco diferente -, e também aí as perguntas não foram respondidas.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Mário Soares, permita-me que o informe de que dispõe de 1 minuto e 50 segundos.

O Orador: - Muito bem!

Nada disso foi respondido, assim como também não foi dada resposta ao escândalo da comunicação social, ao escândalo da saúde, ao escândalo do trabalho.

Quando o Sr. Primeiro-Ministro diz que temos a mesma concepção ortodoxa de defesa do Estado e das liberdades, devo dizer-lhe que não temos. Quando assistimos, há alguns dias, à prestação televisiva do Sr. Ministro da Administração Interna,...

Vozes do PS: - É uma vergonha!

O Orador: - ... percebemos que um mundo separa o Partido Socialista e o socialismo democrático dos ministros desta Aliança Democrática.

Aplausos do PS e da UEDS.

Para terminar, penso que esta moção vai ser votada.

Vozes do PSD e do CDS: - Vai, vai!

O Orador: - Será uma vitória para o Governo?

Vozes do PSD e do CDS: - É, é!

O Orador: - Nem sequer será uma vitória à Pirro, porque será uma derrota' política manifesta. O Governo saiu ferido e ficou aberta aos olhos do público e aos olhos do País a crise da liderança da AD.

Risos do PSD.