o poder exerce sobre os que exercem por ele próprio, indiferentes quer à condenação da opinião pública que, logo que possível, será traduzida em votos quer à ruína crescente do País e ao desgaste das instituições democráticas.

O Partido Socialista, partido responsável, que já foi governo e é o maior partido da oposição, não aceita como resposta às criticas que fundadamente dirigiu ao Governo: A displicência e o silêncio dos membros do Governo;

b) Críticas à acção dos governos socialistas, que nunca foram nem estão a ser objecto de uma moção de censura;

c) Desculpas baseadas na maneira como os Estados Unidos da América administram o dólar ou como S. Pedro administra a chuva.

O que foi posto em causa e sob censura é este governo, o primeiro e os demais ministros deste governo, a política deste governo, a passividade deste governo, os erros calamitosos deste governo.

O Partido Socialista, que governou em condições particularmente difíceis, e que, apesar disso, viabilizou financeira e institucionalmente a gestão do País, nunca teve, nem a pediu, qualquer contemporização por parte dos partidos da AD para com a corajosa política de austeridade a que recorreu para salvar a democracia e a República.

Política de austeridade que lhe granjeou alguma impopularidade e pela qual foi democraticamente julgado.

Do que se trata agora é de julgar a política do actual governo. O seu julgamento começou aqui, e continuará nas umas. A sua condenação também já começou. O povo a confirmará.

Da mesma forma está condenada também a política da AD.

Ao corresponsabilizarem-se nominalmente, com a política do Governo, os senhores deputados não poderão dizer que a ignoram ou, à Pilatos, lavar as mãos.

A vacuidade, mesmo sonora, não deixa de ser vacuidade, e a manipulação da comunicação social não basta à AD, pois é-lhe preciso também manipular o Diário cia Assembleia cia República.

Isto verificou-se a propósito da requerida votação nominal, em que os Srs. Deputados do CDS e do PSD se permitiram dar lições de moral ao PS.

Contudo à coerência e à verdade se deve a rectificação que segue:

O primeiro requerimento de votação nominal foi apresentado nesta Câmara pelo PCP rui sessão de 5 de Maio de 1977 (Diário cia Assembleia da República, n.º 105) e a votação foi a que segue: votos contra do PS, PSD e CDS e votos a favor do PCP e UDP.

A segunda votação nominal foi requerida pelo PSD, tendo a votação sido a seguinte: votos a favor do PSD, PCP e UDP e votos contra do PS, CDS e deputado independente Galvão de Melo.

A terceira votação nominal ocorreu hoje, a requerimento do PS. Votação unânime.

Devolvemos, pois, a lição de moral aos seus autores.

Se a manipulação da comunicação social não pode enganar o povo português, muito menos o pode a manipulação do Diário da Assembleia da República, talvez mais uma «vitória do Governo e da maioria», que, de vitória em vitória, caminham para a derrota final!