bleias gerais

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Raul Rego, para uma intervenção.

O Sr. Raúl Rego (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O engenheiro Carlos Ernesto de Sá Cardoso, que na sexta-feira foi a enterrar, pode bem ser tomado como um dos representantes da geração silenciada. Tinha 24 anos quando se trancaram as liberdades em Portugal; tinha 72 quando foram restabelecidas essas mesmas liberdades e os cidadãos puderam participar na vida pública.

Filha de um dos militares civilistas da República, presidente do Parlamento que declarou o País em guerra com os impérios centrais, em Março de 1916, e que logo abandonavam a vida política para seguir para a frente de combate, ainda estudante também o engenheiro Sá Cardoso participaria no. Batalhão Académico de Defesa da República, em 1919.

Formado em Engenharia Civil, devem-se-lhe estudos como o do anteprojecto da estrada marginal Lisboa-Cascais, que ele previra com mais 3 m de largura, o que foi considerado um exagero, e o dos acessos rodoviários à ponte de Vila Franca.

Na política, Sá Cardoso pertenceu à falange dos inconformados. Sempre na oposição, nem por isso deixavam de reclamar os direitos que lhes eram devidos. Teria sitio a geração que daria seguimento à obra eminentemente cívica do governo da República, mas cujos anseios foram estrangulados pela ditadura de base militar e clerical.

Sá Cardoso participou em todos os movimentos democráticos e experimentou uma vez e outra os processos policiais do regime. Em livros e em artigos de jornal, principalmente no República, esteve sempre na primeira fila dos que nunca descreram. A sua mentalidade conservadora estava bem longo de se confundir com a reacção. Ao começar a guerra colonial, que havia de liquidar o regime e o chamado «Império Colonial», desfazendo até a comunidade, os democratas manifestavam-se no «Programa para a democratização da República», logo abafado e os seus signatários presos.

Morre o engenheiro Sá Cardoso quando ia fazer 80 anos. Sobre ele e a sua geração fará silêncio a história: foram os que, na clandestinidade, continua-