O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Tem a mania do grotesco!

O Orador: - A tragédia, nestas coisas, esconde, sobretudo, outras coisas.

O Sr. Deputado, mais uma vez, fugiu às questões, pois viemos aqui tratar de um problema real, que existiu.

Vozes do PSD: - É falso. Não disse nada!

O Orador: - O Sr. Deputado talvez tivesse percebido um bocadinho daquilo que quis dizer. Por, isso, mostrou-se tão angustiado, já que, de facto, o estilo não foi para si agradável. Acontece e que, simplesmente, não pretendi vir agradar ao Sr. Deputado Jaime Ramos com a minha intervenção.

Quanto ao Sr. Deputado que está ao seu lado, é evidente que não percebeu o discurso, nem eu lhe vou, agora, explicar. Isso seria muito longo, ao passo que o nosso tempo é pouco. No entanto, talvez, se ele quiser, ainda possamos conversar sobre o assunto, desde que fora daqui.

Uma voz do PSD: - É só música!

O Orador: - A realidade é que, quando se faz aqui um retrato psicológico e político de um ministro, o que se pretende é, ao fim e ao cabo, tentar explicar por que é que as coisas se passam assim e encontrar remédio para elas. O que se pretende é que, de facto, o Governo chegue a conclusão que inventou uma insurreição onde ela não existia e que diga, francamente, ao povo português: «Enganamo-nos. Não havia qualquer insurreição!» É isso que se pretende.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Coitadinho!

Aplausos da UEDS.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Os Srs. Deputados da bancada interpelante, a esta hora do dia, ainda não chegaram a uma conclusão?

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Enganou-se, na porta!

O Sr. Presidente; - Está inscrito a seguir, para uma intervenção, o Sr. Deputado Manuel Lopes.

O Partido Comunista, todavia, dispõe apenas de 1 minuto, o que deve ser pouco tempo para uma intervenção.

Tem a palavra, Sr. Deputado Manuel Lopes.

O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Sr Presidente, o meu grupo parlamentar não dispõe, de facto, de tempo pelo que sou obrigado a prescindir da intervenção que ía fazer.

Lamento-o, já que tinha muitas coisas para dizer ao Sr. Engenheiro Ângelo Correia sobre a forma como ele interveio «à volta» da greve geral.

Vozes do PSD: - Ainda bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Alberto Goulart.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Um mal nunca vem só!

u de uma intervenção canhestra e que não deu resposta às questões concretas levantadas na interpelação.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Timidamente, o Sr. Ministro da Administração Interna ainda tentou ligar a greve do dia 12 a objectivos insurreccionais ou, se quisermos dentro da economia do discurso que proferiu, a objectivos desestabilizadores. Também aqui, nesta Assembleia, o Sr. Ministro da Administração Interna voltou a fazer o mesmo, de forma falseada, manipulada e até irracional.

Procurando fazer a leitura da importância que para os trabalhadores que se assumiram na greve tinha uma greve geral que se realizava pela primeira vez, no nosso país após 50 anos, o Sr. Ministro, na sua intervenção, declarou que «os respectivos organizadores sempre exaltaram essa greve como uma acção decisiva de rotura do regime». Penso que, de facto, o Sr. Ministro da Administração Interna ou nos quer enganar ou não deu atenção às posições divulgadas por todos os intervenientes na greve.

Hoje é perfeitamente claro, para todos os portugueses, que a greve era, de facto, contra o Governo, com objectivos próprios - das muitas lutas em que os trabalhadores tem catado envolvidos, com particular incidência no período anterior a 12 de Fevereiro -, era uma greve onde as estruturas representativas dos