das forças repressivas, mas a autoridade do Estado afirma-se. Sr. Presidente, Srs. Deputados e Srs. Membros do Governo, pela forma como corresponde aos interesses e anseios da população, ou seja, do povo português. Porque o que preocupa os cidadãos e o povo em geral são as condições de vida em que são obrigados a viver e a potabilidade de preservar e alargar as liberdades que tão arduamente, com tanto sacrifício e luta, conquistaram, quer antes do 25 de Abril, quer depois.

É isso que interessa aos cidadãos. E os cidadãos pressentem neste «reforço» do Estado democrático, que é apontado pelo Sr. Ministro da Administração Interna, bem como pelo Sr. Secretário de Estado adjunto do Primeiro-Ministro, o aumento das medidas repressivas contra a liberdade que conquistaram.

E os cidadãos não estão dispostos a aceitar esse «reforço» do Estado.

Pressentem que esse «reforço» do Estado é caminhar para formas de totalitarismo, de imposição e de interessem contrários aos inter esses dos próprios trabalhadores. É, pois, um reforço do Estado antidemocrático.

E isto constata-se facilmente pela atitude assumida pelo Governo, ou seja, pelo Sr. Ministro da Administração Interna, a propósito da greve geral, atitude que foi a de caluniar e difamar a greve, associá-la a uma insurreição, criar um clima de agitação emocional e, de uma forma totalmente ilegítima, pôr em estado de angústia milhares e milhares de pessoas no nosso país. Esta atitude, efectivamente, demonstra o comportamento antidemocrático do Governo.

Os trabalhadores - e isto também tem de ficar claro - tem o direito de desenvolver as suas formas de luta, de paralisar e de pôr em causa o Governo.

Uma voz do PSD: - Mas os trabalhadores não quiseram!

liberdades. Mas os trabalhadores, que querem a democracia de verdade, escolhem o desenvolvimento e o aprofundamento das liberdades. É por isso que lutam. E, se o povo português não hostilizou a greve geral - mesmo aqueles que não quiserem entrar em greve -, foi porque percebe que é no caminho da luta e com as greves contra governos reaccionários e contra a ditadura do capital, da exploração e da repressão que se preserva, se defende e se aprofunda a democracia.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - São só asneiras!...

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: o terrorismo é uma criação do capital para que o Estado, que o defende, se reforce ainda mais para melhor o defender.

A UDP sempre disse claramente que o terrorismo é uma criação do capital. É fomentado e provocado pelo capital, pelos seus homens de mão e pelos seus instrumentos, mesmo dentro dos próprios Estados ditos «democráticos», para que o Estado tenha justificação para se reforçar e reprimir com mais furor e melhor defender a exploração capitalista. E isso está claro para toda a gente, para os próprios senhores da AD - só que não o dizem -, até na própria Itália, onde cada vez se torna mais claro o facto de se saber que quem provocou o assassinato de Aldo Moro estava ao serviço do imperialismo americano e do capital.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Lê O Diário!....

O Orador: - Foi por isso que teve tanta oportunidade a observação feita pelo deputado César de Oliveira sobre o interesse do Ministro da Administração Interna em institucionalizar aqui as Forças Populares 25 de Abril.

O Sr. Rui Pena (CDS): - Estão a desvalorizá-lo, Sr. Deputado César de Oliveira!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Está bem acompanhado!

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - Estou sempre.