prisões de fim-de-semana, pelo que poderíamos avançar por essa solução que V. Ex.ª neste momento propôs, talvez debaixo da refrega de ser um dos líderes das bancadas da maioria. No entanto, não me parece ser essa a questão.

Um dos fulcros da questão, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é pensarmos que a vida parlamentar portuguesa se resume aos trabalhos do Plenário. Não é assim em nenhum parlamento do mundo. Nós temos tido o hábito salutar de rios admirarmos todos uns aos outros, de lermos alguns jornais e de bebermos umas bicas e cochicharmos nos intervalos, porque, em paralelo com o funcionamento do Plenário, como em qualquer instituição congénere, há um intenso trabalho de inquérito, de pesquisa, de fiscalização, de audição de entidades e de representações sociais, sindicatos, etc., de que, de facto, neste Parlamento estamos totalmente carenciados. É por isso mesmo, Sr. Presidente, que muitas vezes não há quórum; como se fosse uma questão fundamental para ser registada pelos jornalistas nesta Câmara a simples existência ou não de quórum nesta Assembleia, quando o fundamental é saber se esta instituição, nos vários departamentos de que se compõe, nas várias comissões, através dos inquéritos, tem ou não tem, de facto, uma ligação com a realidade da vida portuguesa e da sua sociedade e, mais decisivamente ainda, saber se a sociedade portuguesa se revê neste Parlamento e se este responde em cada momento às exigências democráticas, às exigências do debate e da síntese democrática das várias opiniões aqui expressas.

Esta é, para mini, a grande questão.

Vozes do CDS - Muito bem!

O Sr. Rui Pena (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Em relação ao Sr. Deputado Rui Pena, devo dizer que não era tanto uma resposta positiva ao CDS, embora o CDS merecesse também essa resposta positiva sobre esta matéria: era a afirmação da nossa disponibilidade, que já vem de há muito, para um debate fecundo sobre esta matéria, em que alguns princípios fundamentais sejam traduzidos em letra de forma e que, de facto, possam admitir a possibilidade de este Parlamento corresponder às exigências democráticas do País.

Por isso mesmo, impõe-se um debate sobre a reflexão dos trabalhos parlamentares, desde aquilo que são os hábitos da nossa convivência ao ar crítico que muitas vezes lhe damos, para que a resposta aos reais problemas nacionais passe por nós, e não sistematicamente ao nosso lado, para que não estejamos aqui muitas vezes como que envergonhados daquilo de que não devemos ter vergonha nenhuma e que é do mandato popular que recebemos.

É por isso mesmo que há que haver uma reflexão conjunta, com apenas uma condição, Sr. Deputado Rui Pena: é que ela não seja partidarizada - não escamoteando com isto divergências que certamente teremos sob a forma de conceber o trabalho, nomeadamente em relação aos inquéritos parlamentares, instituição decisiva, qualquer que seja a maioria, para aferir a ligação entre a Nação e os seus deputados -, mas sim com a necessidade e objectividade que uma reflexão democrática objectiva determina e impõe. Para isso, contará V. Ex.ª e o seu grupo parlamentar com a nossa disponibilidade.

É isto que me apraz responder neste momento.

Aplausos do PS, da ASDI, da UEDS, do MDP/CDE e do Sr. Deputado Carlos Brito do PCP.

O Sr. Magalhães Mota (ASDI): - Sr. Presidente, peço a palavra para formular um protesto em relação ao pedido de esclarecimento do Sr. Deputado Sousa Tavares.