coragem de se demitir, porque é incapaz de assumir as responsabilidades que lhe cabem como Primeiro-Ministro.

Aplausos da UEDS, do PS, do PCP e do MDP/CDE.

Vozes do PSD: - Não apoiado!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não tenho, obviamente, de apreciar a atitude assumida pelo partido promotor da moção de censura quando a retira. Penso, de qualquer modo, que, pelo seu comportamento, o Governo se autocensurou a si próprio ...

Vozes do PSD: - Olhe que não!

O Orador: - ... e, nessa medida, não podia dar pior censura. O Governo revelou-se incapaz de assumir as suas responsabilidades, e essa revelação foi assumida por ele próprio. Creio que não há pior censura feita a um governo.

Vozes do PSD: - Olhe que não!

O Orador: - Repito, Sr. Presidente, que o Sr. Primeiro-Ministro tenha a coragem de levar a sua auto-censura até ao fim, demitindo-se em consequência da censura que acabou por se fazer a si próprio.

Protestos do PSD, do CDS e do PPM.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Cremos que a partir deste momento o debate deixou de ter qualquer espécie de sentido, pois ele teve o seu sentido e a sua altura própria. Agora conclui-se e encerra-se pela clara condenação do Governo.

Vozes do PSD: - Olhe que não!

O Orador: - A partir daí, não havendo objecto, retirar-nos-emos do debate.

Aplausos da UEDS, do PS, do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A posição da UDP é clara: o Sr. Primeiro-Ministro devia estar aqui para, em nome do seu governo e com o seu governo, responder à moção de censura.

O Sr. Primeiro-Ministro é o responsável máximo do Governo e uma moção de censura é a figura máxima de fiscalização dos actos do Governo pela Assembleia da República.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Não estando o Sr. Primeiro-Ministro aqui presente, insulta a Assembleia da República. E mais: ainda a insulta mais quando espera até às 20 «horas para dar uma justificação da sua ausência. Não venham os Srs. Deputados da AD dizer que já sabiam qual era a justificação e que já a apoiavam de antemão, porque senão VV. Ex.ªs não teriam aqui estado a fazer esta bagunça parlamentar, adiando as conclusões e pedindo períodos de 30 minutos de interrupção da sessão parlamentar.

Vozes do PS: - Muito bem!

Uma voz do PS: - É uma vergonha!

Protestos do PSD.

O Orador:- Esperou-se ato às 20 horas para que os Srs. Deputados se arriscassem a aduzir argumentação que não tem pés para andar nem cabelos para se agarrar.

Protestos do PSD, do CDS e do PPM.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Já há um precedente nesta Assembleia, quando o então Primeiro-Ministro Mota Pinto se recusou a estar presente nesta Assembleia aquando da apresentação de duas moções de censura. Tudo isto foi veementemente verberado por todos os deputados, nomeadamente os da AD, nesta Assembleia. Hoje, os deputados esquecem-se disso. No entanto, o então Primeiro-Ministro Mota Pinto teve uma atitude porventura mais digna do que o actual Primeiro-Ministro, Pinto Balsemão, porque apresentou de imediato a demissão.

De qualquer forma, a censura a este Governo continua na rua, e os trabalhadores, Sr. Presidente e Srs. Deputados, farão aquilo que esta Assembleia ainda não conseguiu fazer, isto é, hão-de derrubar o Governo pela sua luta.

Aplausos do PS, do PCP, da UEDS e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, a primeira nota da minha intervenção é a de que o recurso interposto pelo PS perdeu o seu objecto.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar Socialista considera que o partido interpelante teve razão e que, para salvaguarda da dignidade das instituições democráticas, não podia ter tomado outra atitude.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: -Responsabilizamos inteiramente o Governo e o Primeiro-Ministro por esta situação, que é apenas desprestigiante para o Governo e para o Primeiro-Ministro, e não para esta Câmara, que se com portou durante todo este debate com dignidade e com altura.

Aplausos do PS, do PCP, da ASDI, da UEDS e do MDP/CDE.

Aliás, o sintoma e o sinal do estilo adoptado pelo Primeiro-Ministro e pelo Governo consiste no facto de a Radiotelevisão Portuguesa, antes de termos conhecimento da mensagem que o Sr. Presidente da Assembleia da República leu, já ter lido essa