Bem, Sr. Deputado, a atitude da oposição foi inqualificável. E mais inqualificável ainda, porque o Partido Socialista foi a reboque do Partido Comunista e foi a reboque comandado pelo seu secretário-geral. Depois de a maioria ter ouvido silenciosamente as suas intervenções e invectivas, a oposição não teve a capacidade democrática, não teve o respeito por este Parlamento, para ouvir aquilo que a maioria tinha o direito de dizer. A oposição tinha essa obrigação estrita, se tivesse um comportamento democrático, se quisesse respeitar este Parlamento.

Era isto que queria dizer e que a oposição não me deixou dizer no dia 24.

Aplausos do CDS, do PPM e de alguns deputados do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Jaime Ramos.

Vozes do PS e do PCP: - Não diga isso!

que a moção de censura não tinha fundamento, pois era uma perfeita repetição daquilo que algumas semanas antes tinha sido feito.

Nessa medida, e perante a desculpa que foi dada por todo o problema processual que o Partido Comunista levantou, porque não tinha argumentação para a moção de censura, porque sabia que ía ser derrotado e porque sabia que não poderia fazer mais aqui na Assembleia do que debitar a cassette do costume, abandonou -a Sala. Os senhores não compreenderam isso e sairam com eles.

Queria perguntar-lhe. Sr. Deputado César de Oliveira, se não reconhece -concordo que não estamos numa sociedade que se poderá considerar, como talvez o Sr. Deputado gostaria que fosse, anarco-libertária -, em termos de uma democracia, de um Estado de direito, que exagera quando fala da repressão e autoritarismo em relação a este Governo e a esta maioria.

Mas mais: sem estar a referir as atitudes da polícia de choque, de que todos nós não gostamos, pergunto-lhe se não reconhece que, em certas alturas, um Estado de direito precisa de ter uma polícia para intervir e para fazer respeitar a legalidade democrática e o resultado das eleições, para lutar contra aqueles que não respeitam esses valores.

Não reconhece o Sr. Deputado claramente que, pelo menos em relação à nossa história recente, este governo é aquele que menos utiliza a repressão, é o menos autoritário e o mais democrático de todos? Não falo do período antes do 25 de Abril, mas de períodos imediatamente a seguir da Revolução e até de alguns governos socialistas -não falo em termos de repressão no Alentejo, na Reforma Agrária, com a GNR -, mas poderia falar de todo o processo de controle que foi feito para dominar o aparelho de Estado, a máquina burocrática, levando para os cargos de chefia os seus apaniguados, os seus compadres, ...

Protestos do PS.

... numa tentativa absoluta de dominar o Poder, de absolutizar o Poder, para que o Partido Socialista se transformasse no velho sonho mexicano de se manter no poder durante algumas décadas.

Protestos do PS.

Felizmente isso não se verificou. O eleitorado português deu-lhe a resposta que merecia.

Gostaria, pois, que me confirmasse se este governo é ou não é, em termos de história recente, o mais democrático de todos.

O Sr. António Arnaut (PS): - Já não é!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos, Lage (PS): -Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar Socialista começa por rejeitar as acusações infundadas, absurdas e despropositadas que lhe foram dirigidas.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Em segundo lugar, não pretendemos reeditar hoje a discussão que foi feita na quarta-feira. O último juiz dos acontecimentos registados, nesta Câmara é o País, é o povo português. E este começou