O Orador: - O Sr. Deputado Lemos Damião perguntou-me em nome de quem falei. Sr. Deputado, Talei em nome do povo português que aqui represento, principalmente em nome das camadas sociais menos favorecidas da nossa população,...

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

O Orador: - ... principalmente em nome dos trabalhadores que sofrem a repressão, principalmente em nome daqueles que procuram emprego, principalmente em nome daqueles a quem os senhores querem dar uma nova lei dos despedimentos.

Vozes do PCP: -Muito bem!

O Orador: - É esse o programa de emprego que a AD promete aos Portugueses.

Aplausos do PCP, do MDP/CDE e da UDP.

Perguntou-me o Sr. Deputado onde é que nós poderíamos falar do direito à greve. Sobre isso digo-lhe o seguinte: o vosso projecto de revisão constitucional, se mais não fosse, é claro e vincula uma proposta que tenta diminuir o direito à greve de uma parte substancial da população, os trabalhadores das empresas públicas que são empresas de interesse nacional.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

O Orador: -Como é que o Sr. Deputado tem coragem de me perguntar, aqui nesta Câmara, onde é que está a tentativa, por parte da AD, de diminuir o direito à greve? É preciso descaramento ou desconhecimento! Este governo, desde requisições civis, à substituição efectiva de trabalhadores em greve, até à criação de sistemas alternativos às empresas em greve, tudo tem feito para violar a lei da greve. Sendo assim, pergunto como é que o Sr. Deputado, de uma forma tão descarada, me pode perguntar onde é que estão as violações da lei da greve por parte do Governo.

Vozes do PCP: -Muito bem!

O Orador: -Este governo tem praticado uma política de mentira. No seu próprio Programa dizia que uma das suas prioridades era a política de emprego, só que -e todos o podemos verificar- o desemprego em Portugal tem vindo a aumentar. Referi anteriormente os dados de conjuntura do INE: 386000 desempregados! Neste momento as estimativas apontam para os 480000 desempregados. Ou seja, o desemprego tem vindo a aumentar porque não há uma política real que resolva os problemas de uma economia deficiente como -è a nossa, porque há um ataque à nacionalização e à Reforma Agrária, porque há leis que protegem o despedimento, porque se mantém a lei dos contratos a prazo. Sendo assim, pergunto: é assim que este governo vai resolver o problema do emprego em Portugal? Não, Sr. Deputado, não é por esse caminho que se resolve o problema; esse caminho conduz àquela Europa do Mercado Comum, onde as taxas de desemprego, apesar de muito altas, já são inferiores àquelas que existem em Portugal. Isto, Sr. Deputado, e culpa do governo AD e da governação que tem imprimido a este país, é culpa da forma como o governo AD tem encarado a economia desta terra.

Falou aqui o Sr. Deputado Rocha de Almeida em «marchantes». Queria dizer-lhe, sem qualquer desprestígio para os trabalhadores dos talhos, que não é propriamente o nome de marchantes que se deve dar às .pessoas que participam na marcha contra o desemprego.

Uma voz do PSD:- São marxistas!

«Ministro da Inventona», do Sr. Ministro Ângelo Correia...

Protestos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, dá-me licença que o interrompa?

O Orador: - Faça favor, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, renovava um pedido que fiz aqui, que de certo modo está ultrapassado pela correcção que fez, no sentido de, quer os deputados, quer os membros do Governo, serem designados pelas suas funções ou nomes próprios e não por qualquer outro qualificativo. Agradecia muito.

O Orador: - Sr. Presidente, gostaria só de salientar que me referi ao Sr. Ministro Ângelo Correia na sua qualidade de ministro. Os adjectivos com que o qualifiquei são-me legítimos, porque na verdade são públicos.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, eu estava a fazer-lhe um pedido que não necessita de justificação da sua parte.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Presidente. Terei em conta o que me referiu mas não deixo de dizer que «quem não quer ser lobo não lhe veste a pele», e...

Vozes do PCP: -Muito bem!

O Orador - ... quando um ministro, seja ele qual for, veste uma determinada pele ninguém, nem nesta