não só no aspecto genérico, mas agora concretamente no domínio das telecomunicações. Foi esse o tema que abordei e suponho que será o que está no seu espírito. Quererá falar no genérico?

O Sr. Silva Marques (PSD): - V. Ex.ª não abordou o problema. Tentou provar um assalto. O que pretendi referir foi o facto de V. Ex.ª ter introduzido um bom tema sem o ter desenvolvido e depois ter ido para outra coisa que não provou.

presidente do conselho de administração e, escassas semanas depois, esse presidente do conselho de administração, por força de imposições internas, vê-se forçado a demiti-lo sem quaisquer explicações, senão estas, dadas em privado: você é competente, mas tenha paciência, tem de sair. Porque era competente!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador - Faça favor.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado, se isso é verdade, está errado. Simplesmente, há-de considerar que, para efeitos de abordar as questões nessa matéria, não bastam intervenções parlamentares. É necessário um pouco mais de dossier. Se estamos aqui para discutir, então temos de ir para a discussão mais abstracta. Se V. Ex.ª quer denunciar esse caso concreto de abuso, admitindo que ele existe, então tem de fazer um esforço de documentação.

O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Não convém!

O Orador: - Não quis trazer nomes para aqui. Mas tenho uma lista com os nomes todos de quem foi substituído e que os substitui. Se o Sr. Deputado Silva Marques me permitisse, passaria a ler essa lista: o Sr. Henrique Constantino, administrador cessante, responsável pela modernização dos correios, é impedido de regressar ao seu lugar de director-geral. Porquê? Para que o lugar possa ser preenchido por alguém que esteve lá 2 meses, o Sr. Dr. Horta e Costa, que não tinha nenhuma experiência do sector, pura e simplesmente com o fito de averbar no seu curriculum essa passagem pelo sector dos correios. E tão diligente e tão proficiente que leva um louvor. E isso faz curriculum para passar à Marconi.

O Sr. António Arnaut (PS): - É incrível!

Uma voz do PSD: - Não é, não senhor!

O Orador: - Não tenho nada contra o facto de as pessoas mudarem de lugares, porque entendo que a capacidade de gestão e o exercício das competências de gestão não são totalmente específicos das funções. No entanto, julgo que, quando se substituem pessoas de um determinado nível e categoria por muitas outras, e isso aconteceu 15 vezes, com todos os directores-gerais, fica-se sem compreender que empresa é esta, neste país, onde é possível substituir todos os directores-gerais. Pessoas cotadas na empresa, que tem reputação profissional, que são consideradas nos seus meios, são substituídas por outras que estavam, digamos assim, em situação profissional menos considerada. Como é possível fazer isto e não falar de assalto?

Como é possível demitir o Dr. Valadas - o Dr. Mário Valadas, que alguns dos Srs. Deputados conhecem muito bem, porque é um nome muito conhecido? Como é possível demitir o Dr. Valadas e substituí-lo facilmente? E eu digo isto, não por amizade ou por filiação partidária, porque é uma pessoa que, de facto, não é do meu partido, é uma pessoa de quem sou amigo, mas suponho que, em igualdade de circunstâncias, ele deve encontrar aqui muitos amigos. Gostaria de saber se algum dos Srs. Deputados que o conhece - e acredito que o conhecerão - pode vir aqui dizer que o Dr. Mário Valadas não é um dos técnicos mais competentes no seu campo de que este país dispõe, com provas dadas nos próprios CTT/TLP. E devo dizer uma coisa: não sou pródigo em elogios. Apesar disso devo dizer que os CTT/TLP no campo da informática, são um exemplo neste país. E são um exemplo neste país dada a enorme escassez de meios, a obra extraordinária que fizeram e a antecipação tecnológica que souberam introduzir, apesar, de o nosso país, no campo da informática, não ter grandes condições para caminhar. Isto deve-se à equipa que ele formou desde a origem, que ele dirigiu e ao trabalho que ele prestou.

Se nós, políticos, não somos capazes de prestar a mínima homenagem, que é reconhecer o trabalho e a dignidade profissional, esteja ela onde estiver, nos conselhos de gestão, nas fábricas ou oficinas, então não somos dignos destes lugares.

Vozes do PS: - Muito bem!