O Orador: -... e que se tivéssemos entrado para a CEE já não se produzia aqui uma gota de leite? Se tivéssemos entrado para a CEE gostaria de saber onde é que estaria a nossa produção leiteira neste momento. Eu podia falar-lhe de tudo isto e da livre circulação de pessoas e bens, sobretudo de capitais para entrarem no nosso país, mas proibição de circulação de emigrantes para irem para lá.

Simultaneamente com a minha grande concordância com V. Ex.ª quando diz que este Governo é incapaz e nem sequer é capaz de saber aquilo que quer e que por sobre tudo isto é uma lástima, gostaria que o Sr. Deputado nos dissesse mais alguma coisa a respeito das consequências que teria a eventual entrada de Portugal na CEE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado César Oliveira.

ronato português a ter esta reserva em relação à CEE e num articular momento em que, porventura, este Governo é o mais favorável ao patronato de todos os ovemos que estiveram no Poder em Portugal. Por outro lado, outra questão que gostaria de colocar-lhe é relativa a uma dúvida que tenho e que por certo outras pessoas terão. Na minha modesta posição face a estas coisas de integração económica europeia - modesta do ponto e vista de informação, aliás o Governo também não os dá informação mais pormenorizada - quer-me parecer que a adesão irá suscitar na própria base social de apoio da Aliança Democrática antagonismos tais que poderá vir daí uma fissura nessa mesma ase social de apoio. Por exemplo, como é que se conciliam os interesses dos têxteis com a agricultura, interesses dos vários grupos económicos industriais, etc., etc. Era sobre esta questão que também queria ouvir sua opinião.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ilda Figueiredo.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - O Sr. Deputado Sousa Gomes afirmou que o País pouco ou nada abe sobre esta adesão e quais as consequências que ela teria para o País. É uma afirmação com a qual estou inteiramente de acordo, dado que se os Portugueses conhecessem de facto as consequências desta adesão, certamente se pronunciariam maioritariamente contra ela, de tal modo essa adesão iria pôr em causa os interesses do País, nomeadamente os sectores da agricultura, da indústria e de outros sectores tão importantes como estes.

No entanto, já não estou de acordo quando o Sr. Deputado diz que Portugal tem condições para vir a beneficiar dos fundos da Comunidade. Pelo contrário, creio que hoje está claro que Portugal não irá beneficiar desses fundos ou, pelo menos, o benefício será inferior ao que teria que pagar para a Comunidade, tornando-se mesmo num contributo líquido dela.

Por outro lado, em questões tão importantes como, por exemplo, a livre circulação de pessoas e capitais nas conversações que tem havido, e em que o Sr. Deputado também tem participado, tem ficado claro que por parte da Comunidade se insiste na livre circulação de capitais para entrar em Portugal, mas quanto à livre circulação de pessoas põem prazos de 7 a 10 anos.

Quanto aos têxteis, todos sabemos que a Comunidade insiste em manter um período de transição e de quotas para além da possível adesão de Portugal à CEE. E é com algum espanto que ainda no outro dia ouvi declarações do Ministro João Salgueiro, dizendo que poderia vir a ser aceite essa posição por parte de Portugal. Creio que, os industriais têxteis não poderão estar de acordo com tal questão, para além dos problemas que isso significa também em termos de emprego para o País.

Na agricultura, um dos sectores fundamentais, creio que o Sr. Deputado estará de acordo comigo, quando lhe ponho a questão de saber se não acha que se a adesão se viesse a concretizar dentro dos prazos que o Governo anuncia, e que

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Sousa Gomes, se deseja responder.

O Sr. Sousa Gomes (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Antes de mais nada, queria corrigir uma afirmação minha de que faz hoje cerca de 5 anos e não l ano que Portugal pediu formalmente a adesão à Comunidade Económica Europeia. É já, de facto, um lapso de tempo suficientemente importante para permitir que esse debate já tivesse tido oportunidade de ter uma expressão mais forte e alargada, de forma a permitir que nesta Assembleia e no-