O Sr. Amadeu dos Santos (PSD): - Nada, faltaram a reuniões e tudo!

O Sr. Presidente: - Ainda, para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado Carlos Brito, tenho aqui o relato dos acontecimentos produzido pelo jornal Diário de Lisboa, que julgo que V. Ex.ª aceita como sendo um jornal digno de credibilidade.

A primeira ofensiva policial registara-se pouco depois da hora marcada para o começo das variedades da UGT, no palco montado na Praça do General Humberto Delgado. Eram quase 21 horas e 15 minutos, muitas bandeiras da CGTP junto do palco, ouvem-se palavras de ordem da Inter, alguns elementos terão tentado transpor o gradeamento que protege o palco, a polícia de choque sai das carrinhas e dispersa a pequena multidão que ali se encontra. É a primeira fuga da noite.

Por volta das 22 horas e 30 minutos já a polícia havia dissuadido elementos da CGTP da intenção de montarem um palco no cimo da Avenida dos Aliados. Havia já um escadote junto do poste, um fio viria do Sindicato dos Tapeteiros, sito na Rua de Ramalho Ortigão. A acção fora pacifica.

A actuação dos vários grupos no palco da UGT decorreria sob os assobios e palavras de ordem, amiúde, com gestos menos correctos, de um grupo de jovens que era mantido à distância pela polícia. De vez em quando a polícia puxava dos cassetêtes e as fugas sucediam-se.

Às 23 horas e 40 minutos, 2 carrinhas Ford Transit, da CGTP, entram na Avenida dos Aliados, a meio, ao lado do Comércio do Porto. Uma delas serviria de palco. Há um pano vermelho que se abre, mas passados 10, 15 minutos, a Polícia, desta vez, de Intervenção, investe avenida abaixo.

A ordem é a de não deixar montar qualquer tipo de palco naquela zona e a policia estava determinada a cumpri-la. Os sindicalistas da CGTP, por seu lado, também não abdicavam de responder firmemente àquilo que consideravam uma ilegalidade do Governo Civil em proibir a sua comemoração naquele «espaço histórico».

Cerca de quinze minutos mais tarde ... e as mesmas duas carrinhas ... etc., etc. ...

Vozes do PCP: - Leia o resto!

... as mesmas 2 carrinhas tentam implantar--se mais abaixo, na Praça da Liberdade. Há vivas, euforia, a instalação sonora começa a ser montada a partir das baterias dos carros. A polícia volta ao ataque. Desta vez mais violentamente. Há pedras que voam - devo lembrar a V. Ex.ª que há 37 polícias feridos -, bastonadas a torto e a direito, como quem malha em campo verde. A Praça da Liberdade passa a ser a praça da violência ... Coisa nunca vista.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Leia mais!

comportamento da autoridade administrativa.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Por isso, Sr. Deputado Carlos Brito, o que se coloca na ordem do dia não é a questão de saber se este Governo deve ou não cair. V. Ex.ª pode defender esse ponto de vista, mas o que se coloca na ordem do dia é saber qual é o posicionamento do Partido Comunista e da Intersindical relativamente à legalidade democrática.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito, se assim o desejar.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Respondendo às perguntas que me foram feitas, gostaria de dizer ao Sr. Deputado Amadeu dos Santos que a questão de legalidade do despacho do governador civil do Porto foi aqui discutida exaustivamente numa anterior sessão da Assembleia da República. Nessa altura, o que se verificou foi que aquilo não tinha ponta por onde se lhe pegasse, a ponto de um deputado do CDS dizer que era um despacho interno e que não tinha força externa. Foi isto o que referi na minha intervenção.

Contudo, mais importante do que isso, é que ao ouvir o Sr. Deputado fiquei pasmado com a sua insensibilidade. Repare que isto é um caso muito raro na História dos Povos, pois não é todos os dias que são baleados sete pessoas, duas morrem, duas estão em perigo de vida. Isso não acontece todos os dias num país que vive há 8 anos em democracia e onde a vida decorre normalmente.

Portanto, o Sr. Deputado não è capaz de se indignar perante isto. O Sr. Deputado não é capaz de se interrogar sobre qual é o significado disto.

A Sr.» Zita Seabra (PCP): - Muito bem!

O Sr. Amadeu dos Santos (PSD): - E quem causa isso?! ...