apartes podem ter maior responsabilidade e muito mais importância do que as próprias intervenções. Sinto-me extraordinariamente ofendido, e se V. Ex.ª não me dá a palavra, pois considero que não estou numa Casa de irresponsabilidade, provavelmente ausentar-me-ei.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, consultei a Mesa e esta está de acordo em que V. Ex.ª use da palavra sobre a figura do direito de defesa.

relativamente aos acontecimentos dos dias 1 de Maio e 30 de Abril do presente ano na cidade do Porto e sobre os seus antecedentes.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado, ao abrigo do direito de defesa, referiu o nome do Sr. Deputado Gaspar Martins que me está a pedir a palavra e tenho que lha dar. No entanto, depois não posso voltar a dar a palavra a V. Ex.ª

Tem a palavra o Sr. Deputado Gaspar Martins.

O Sr. Gaspar Martins (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Eu não afirmei que era o Sr. Deputado Araújo dos Santos quem tinha as mãos manchadas de sangue, mas sim que era o sindicato dele que estava manchado de sangue.

No entanto, e sobre isto, quero fazer uma rectificação: não se trata do sindicato, porque o sindicato são todos os bancários e, infelizmente, os bancários não têm culpa dos corpos gerentes que neste momento estão à frente só seu sindicato.

Aplausos do PCP.

A responsabilidade é dos corpos gerentes do Sindicato dos Bancários do Norte, localizado no 5.º andar de um edifício da Praça do General Humberto Delgado. Vi com os meus próprios olhos, às três horas da manhã do dia 1 de Maio, um sindicato, onde a partir de 1976 raramente se trabalhava à noite, ao contrário do que acontecia desde 1970, em que era quase diário o trabalho pela madrugada fora, trabalhar na madrugada do 1.º de Maio. Â janela viam-se nitidamente membros dos corpos gerentes e da direcção daquele sindicato com walkie-talkie, ao mesmo tempo que a polícia carregava sobre trabalhadores. E diga-se, de passagem, que não eram trabalhadores contra trabalhadores, mas sim trabalhadores contra a Policia de Intervenção. A não ser que os Srs. Deputados, que parecem ser também candidatos a policias ...

O Sr. José Manuel Mendes (PCP): - Muito bem!

O Orador: - ... considerem que a Polícia de Intervenção é representada pela UGT, porque foi isso o que se verificou na baixa do Porto.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - E ao mesmo tempo que se davam as cargas policiais com o acompanhamento e a direcção dos membros dos corpos gerentes do Sindicato dos Bancários do Norte, ao mesmo tempo que a polícia espancava e baleava os trabalhadores que se manifestavam pelo movimento sindical unitário, do palco daquela vergonhosa manifestação provocatória da UGT, gritava-se: «assim se vê a força da UGT».

É esta a força da UGT: a Polícia de Intervenção a espancar e a assassinar trabalhadores.

Protestos do Sr. Deputado Borges de Carvalho, do PPM.

Já agora deixo ficar esta pergunta no ar: o Sr. Deputado Araújo dos Santos desmente que nas vésperas do 1.º de Maio esteve um responsável da segurança da AD no Sindicato dos Bancários do Norte reunido com membros da direcção e dos corpos gerentes daquele sindicato?

Aplausos do PCP.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para fazer uma interpelação à Mesa por causa de uma frase que V. Ex.ª tinha dito.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - O Sr. Presidente há bocado tinha dito que não havia direito de resposta às palavras que o Sr. Deputado Gaspar Martins dissesse, e isso pareceu-me ser uma interpretação extraordinária do Regimento.

No entanto, dado que essas palavras se respondem a si próprias, penso que não vale a pena pôr a minha objecção.

O Sr. Amadeu dos Santos (PSD): - Muito bem!

Vozes do PCP: - É melhor, é!

O Sr. Presidente - Sem entrarmos em discussão sobre a questão, V. Ex.ª sabe perfeitamente que quando um Sr. Deputado intervém ao abrigo do direito de defesa, depois não tem direito ao uso da palavra.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, isso não é assim, porque o Sr. Deputado Araújo dos