dispersa as manifestações a tiro de pistola metralhadora, matando pelas costas ou à queima-roupa os pacífico cidadãos.

O Sr. Amadeu dos Santos (PSD): - Pacíficos!

O Orador: - Como diz, em editorial, o insuspeito O Primeiro de Janeiro, de 3 de Maio, a p. 5:

Porém, e esse é um ponto de extrema importância, a lei deve ser cumprida com medida e com mesura, sem deixar que as paixões extravasem de maneira descontrolada. Não se pode admitir que «as forças da ordem», que existem para a manter, cumprindo a lei e fazendo-a respeitar, possam utilizar meios que constituem o limite último de uma intervenção deste tipo: aqueles que põem em perigo a vida dos cidadãos.

A polícia detém a força exclusivamente para fazer cumprir a lei e a ordem pública. Quando abusivamente ultrapassa estes limites, coloca-se fora da lei e age como qualquer vulgar assassino.

Vozes do MDP/CDE e do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Foi o que aconteceu com a Polícia de Intervenção na madrugada do 1.º de Maio, no Porto, quando pacificamente milhares de trabalhadores festejavam o seu dia. Não houve qualquer confronto entre trabalhadores e a violência partiu exclusivamente da Polícia de Intervenção - vinda propositadamente de Lisboa, a requisição do Governo.

O Sr. Amadeu dos Santos (PSD): - É falso!

O Orador: - Ora, apesar das provocações oficiais e policiais e da intimidação da véspera, na tarde do 1.º de Maio cerca de umas 100000 pessoas vieram, determinadas, para a «baixa» portuense festejar o seu dia de luta e de luto e apesar de tal, como na véspera, aí decorrer, ao cimo da Praça Humberto Delgado, o espectáculo da UGT, não houve o mínimo incidente, exclusivamente porque a Polícia não fez qualquer provocação, embora ai se encontrasse um extenso cordão da Polícia de Choque circundando aquela Praça.

Isto è a demonstração clara e inequívoca de que foi unicamente a Polícia de Intervenção quem desencadeou, gratuita e premeditadamente, a violência assassina.

Vozes do MDP/CDE e do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Disse aqui a direita, defendendo as suas polícias - o que é normal, porque a direita não existia sem as polícias -, ...

Aplausos do MDP/CDE e do PCP.

... que estávamos perante uma sublevação civil. Isto parece-me a demonstração inequívoca de que não houve nenhuma sublevação civil.

Se no dia seguinte as mesmas pessoas e mais alguns milhares vêm para a baixa portuense, decorrendo, igualmente, o mesmo espectáculo da UGT a poucos metros, e não há nenhuma confrontação, isso deve-se, exclusivamente, a todos os que estavam ali presentes. Foi a polícia quem, na véspera, fez essa intervenção.

Vozes do MDP/CDE e do PCP: - Muito bem!

O Sr. Amadeu dos Santos (PSD): - Já tinham cumprido o seu papel!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Também nós vimos a bestialidade das agressões policiais, os assassínios, os espancamentos selváticos. Também nós escutámos a fuzilaria da polícia, os tiros rompendo o silêncio da noite, velhos e crianças gritando de dor. Por isso, também nós não esquecemos, nem esqueceremos os mortos, os feridos, a raiva de um povo ultrajado.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Muito bem!

O Orador: - O que se passou na madrugada do 1.º de Maio no Porto induz a pensar na aplicação metódica e premeditada de um plano deste governo para uso da violência, já que, tendo perdido toda a base social de apoio, a intimidação dos portugueses e a coacção dos trabalhadores são a alternativa que lhe resta para se manter no poder.

Aplausos do MDP/CDE e do PCP.

Só que a violência instituída em lei é contrária a , qualquer processo democrático e a opção é clara: ou queremos continuar a viver num regime democrático e, se o queremos, este governo terá de ser demitido, sob pena de a opressão, o obscurantismo e a violência virem a substituir a democracia.

Aplausos do MDP/CDE e do PCP.

Perante os trágicos acontecimentos do Porto, o primeiro órgão de soberania a pronunciar-se e a exigir um inquérito rigoroso e isento foi o Presidente da República, cuja deslocação ao Hospital de Santo António, para se inteirar das melhoras dos feridos,