O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vou ler a nova versão do voto, já com as várias emendas que foram sugeridas.

Pela minha parte e pela parte da Mesa gostaria de salientar o empenho que se tem verificado na sentido de ser a Assembleia da República a congratular-se e de se atingir um texto de consenso.

Peço desculpa da informalidade com que tem decorrido o debate, mas penso que ele tem sido construtivo. O texto, .tal como anotei, é do seguinte teor:

A Assembleia da República congratula-se com a presença histórica de Sua Santidade João Paulo II em Portugal onde traz uma mensagem universal de paz e de concórdia social. Nele saudamos a preocupação da Igreja pelos anseios dos trabalhadores que, de acordo com as encíclicas sociais, consubstancia o substrato da filosofia humanista.

Não deixará esta visita de Sua Santidade a Portugal de ser ensejo para uma reflexão cada vez mais profunda e madura dos princípios de que é portador e símbolo, de entre os quais, nestas horas de inquietação mundial perante o futuro da Humanidade, avultam a justiça social, o alcance planetário dos indivíduos e da sociedade e um humanismo pacificador.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS):- Sr. Presidente, nós consideramos que esta redacção é bastante deficiente e, portanto, sugeríamos que, durante 5 minutos, nos juntássemos a fim de darmos uma melhor formulação ao voto.

Portanto, solicitamos 5 minutos de interrupção.

O Sr. Presidente: - O pedido do Sr. Deputado Carlos Lage é regimental.

No entanto, peço aos Srs. Deputados que não saiam do hemiciclo porque penso que é fácil conseguir este acordo.

Está suspensa a sessão.

Eram 11 horas e 10 minutos.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão.

Eram 11 horas e 15 minutos.

O Sr. Presidente: -Srs. Deputados, vou ler a nova versão do voto, acerca do qual parece ter-se formado consenso:

Voto de congratulação

A Assembleia da República congratula-se com a presença histórica de Sua Santidade João Paulo II em Portugal, aonde traz uma mensagem universal de paz e de concórdia.

Não deixará esta visita de Sua Santidade a Portugal de ser ensejo para uma reflexão cada vez mais profunda sobre os princípios e valores de que é portador e símbolo, de entre os quais, nestas horas de inquietação mundial perante o futuro da Humanidade, avultam a paz, a justiça social e a dignidade da pessoa humana.

Está em debate.

Tem a palavra o Sr. Deputado Lemos Damião.

O Sr. Lemos Damião (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: São óbvias as razões que nos levaram a honrar a iniciativa deste voto de congratulação.

Propomo-nos, por asso, uma breve explicitação que queremos tão singela quanto o exige a grandeza das coisas grandes.

Na verdade, a visita de Sua Santidade João Paulo II representa um acontecimento ímpar na nossa experiência colectiva. É, sem exagero, o mais relevante que se perfila no nosso horizonte imediato e será, estamos disso convictos, um dos mais influentes e fecundos no recorte do nosso futuro.

De todos os lados nos chegam os ecos da forte tensão espiritual que tomou conta da alma lusitana, inteiramente virada para o sol nascente das horas que nos trarão o privilégio de tão honrosa visita.

Ora, a Assembleia da República assume-se, a justo título, como o mais credenciado e representativo órgão de soberania de Portugal democrático. Está aqui todo o colorido da pluralidade de concepções e modelos culturais, é aqui que pulsam, em salutar e inescapável dialéctica, os conflitos do quotidiano nacional, os sobressaltos dos anseios e angústias e o ritmo da esperança do povo português.

O Sr. Guerreiro Norte (PSD): - Muito bem!

esperança que, apesar de tudo, campeiam sobre as prefigurações dos escombros. João Paulo II é hoje um dos baluartes mais firmes da esperança e uma das raízes mais fundas da fé no progresso, em paz e amor entre os homens.

Com João Paulo II vêm também os imperativos éticos de uma doutrina cujo sopro vivificante fermenta já no coração dos homens e dos povos. Reportamo-nos, naturalmente, à Encíclica Laborem Exercens, esta espécie de evangelho vertido na linguagem