que proferiu durante o debate. De facto, o que o PSD disse foi que tinha sido extremamente sensível à argumentação empregue pelo Sr. Deputado Jorge Sampaio e que estaria aberto, como está, a que, eventualmente e perante os resultados da Procuradoria-Geral da República, venha a travar-se ou um debate político ou, inclusivamente, a fazer um inquérito de sentido amplo e político a toda a ofensa à ordem democrática constituída que ocorreu com os acontecimentos do dia 30, no Porto.

Foi isso que disse e o PSD mantém-no. Simplesmente o requerimento que os senhores apresentaram diz no primeiro considerando «Considerando que o Grupo Parlamentar do PSD declarou admitir a instauração do inquérito solicitado pela UEDS...» Ora, ficou perfeitamente claro das minhas palavras que eu jamais aceitaria o inquérito tal como ele estava redigido.

O Sr. António Vitorino (UEDS): - Os considerandos não se votam.

O Orador: - Tal como os senhores o redigiram não o poderíamos votar. Inclusivamente eu li aqui, na Câmara, o requerimento do inquérito para dizer que jamais poderíamos concordar com um inquérito pedido naqueles termos.

Portanto, isto está (perfeitamente de acordo com o que eu já disse, está na lógica das nossas declarações.

Aliás, não vale a pena fazer tanto barulho nem dar tanta importância a esta questão, porque, uma vez terminado o inquérito da Procuradoria-Geral da República, o PS ou a UEDS são inteiramente livres de pedir um novo inquérito, então com fundamento e provavelmente com /uma atitude diferente da nossa parte. De maneira que não vaie a pena o Sr. Deputado estar tão indignado nem é necessário eu ter que lhe estar a dar tantas explicações, que são apenas claramente ilógicas.

Nós não nos podemos, de forma nenhuma, comprometer com um pedido de inquérito feito nos termos em que estava formulado o da UEDS.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E eu disse-o aqui e fui perfeitamente claro ao fazê-lo. Protestos do Sr. Deputado António Vitorino.

Desculpe, mas V. Ex.ª nem sequer estava cá. Eu disse claramente que nunca podia concordar com a redacção do pedido de inquérito da UEDS.

Aplausos do PSD.

O Sr. António Vitorino (UEDS): - Não se estava a votar o inquérito, estava a votar-se o requerimento.

O Orador: - De maneira que não tem que se admirar, Sr. Deputado. Nem vale a pena exaltar-se tanto. Olhe que lhe faz mal, sendo tão novo, começar já a exaltar-se. Deixe isso para quando for mais velho porque senão morre novo.

O Sr. António Vitoriano (UEDS): - Acabo como o senhor. Deixe lá!

O Orador: - Mas é que morrer na minha idade já não tem importância, mas na sua tem.

O Sr. Presidente: - Agradecia que os Srs. Deputados fossem o mais breves quanto possível nas declarações de voto, dado o atraso dos nossos trabalhos.

Para uma declaração de voto, tem a palavra a Sr.ª Deputada Zita Seabra.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Sr. Presidente, não gastarei tanto tempo como o Sr. Deputado Sousa Tavares. Serei breve.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Votámos favoravelmente o requerimento apresentado pela UEDS, embora não concordássemos com o seu conteúdo. Pensamos que esse requerimento, se viesse a ser aprovado pela Câmara, vinha, no fundo, desvalorizar o que pensamos ser o papel desta Assembleia, isto é, a possibilidade que esta Assembleia tem, pelo Regimento e pela Constituição, de fazer inquéritos e de, através dos inquéritos, fiscalizar a acção governamental. Creio que o adiamento viria desvalorizar essa competência que, constitucional e regimentalmente, temos.

Votámos, apesar de tudo, a favor do requerimento da UEDS, porque entendíamos que, a partir do momento que pareceu claro a esta Câmara de que o facto de haver um inquérito governamental a decorrer impedia o PSD de votar a favor, daríamos a oportunidade de possibilitar à Câmara de exercer este direito em termos parlamentares, como é da nossa competência e devia ser um ponto de honra da actividade dos deputados com assento nesta Câmara. Os senhores têm medo e fogem. A votação que acabámos de fazer é mais um facto significativo e evidente do que acabo de dizer.

Aplausos do PCP.

Vozes do PSP: - Olhe que não!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Sampaio.

O Sr. Jorge Sampaio (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não pretendemos ter nenhuma vocação angélica; apenas gostaríamos de dizer que foi pena que não se tivesse atentado na última parte, aliás, a parte importante do requerimento, que precisamente